Vicente Nunes
Correio Braziliense
Mesmo que o ministro Joaquim Levy minimize a gravidade da situação, o
mercado financeiro vai se apegar ao discurso dele com todas as forças.
A
visão é de que, ruim com o ministro, pior sem ele.
Ao se manter no
cargo, num governo fraco politicamente, Levy funciona como a garantia
que haverá o mínimo de racionalidade na política econômica.
Essa
dependência do mercado é tamanha, que a maior parte dos analistas
aceita, sem traumas, a redução da meta de superávit primário deste ano
para algo entre 0,6% e 0,7% do PIB, metade do 1,2% prometido pelo
ministro.
O que importa, na visão dos economistas privados, é que Dilma não
volte a se cercar de pessoas com pensamento semelhante ao de Guido
Mantega e Arno Augustin, que, nos cargos de ministro da Fazenda e de
Secretário do Tesouro Nacional, respectivamente, recorreram a maquiagens
e a truques fiscais para mostrar uma saúde que as contas públicas não
tinham.
Essas manobras, por sinal, são a maior ameaça ao mandato de
Dilma, segundo os estudos de analistas de peso.
Se ela tiver as contas
de 2014 rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), a oposição
terá um forte argumento para pedir o impeachment.
O LAMAÇAL AVANÇA…
Em meio à tempestade, a presidente tem procurado mostrar equilíbrio
na condução do governo neste segundo mandato.
Mas sabe que viverá um
inferno.
Não há só uma notícia boa no horizonte, por mais que o Palácio
do Planalto tente criá-la.
Não bastassem o desastre econômico e as sovas
que o Congresso lhe tem imposto, há o risco de o lamaçal oriundo da
corrupção na Petrobras engolfar de vez o governo.
A prisão de Marcelo Odebrecht, presidente da maior construtora do
país, por meio da Operação Lava-Jato, tornou-se uma espada apontada para
o coração da presidente petista.
Se ele resolver abrir a boca, Brasília
vai ruir.
Dilma tem a exata noção do tamanho do risco que corre. Mas,
nesse caso, só lhe resta contar com a sorte, o que é muito pouco.
Tribuna da Internet