terça-feira, 20 de outubro de 2015

Equipe de presos derrota Harvard numa competição intelectual

Eduardo Aquino
O Tempo

Emocionante, surpreendente, inacreditável. Não consigo encontrar palavras que possa descrever o fenômeno que tomou as manchetes do mundo inteiro: numa competição de altíssimo nível que consistia em debater uma tese proposta por grupo dos maiores acadêmicos americanos, a então campeã mundial (alunos da melhor universidade do mundo – Harvard) enfrentou um grupo de presidiários do estado de Nova York, a maioria sequer com ensino médio completo e… perdeu!!!

E olha que a tese que deveria ser defendida pelo grupo dos presos era contraditória em relação à vida deles mesmos: “Por que o sistema de ensino americano não deveria aceitar filhos de imigrantes ilegais”.

COMPLEXOS DEBATES

A competição exige complexos debates baseados em dados lógicos, científicos, complexos. A banca julgadora exigente e rigorosa era constituída por doutores e PhDs. Meses e meses de dedicação, suor e lágrimas. Mas o grande detalhe: aos presos é proibido qualquer acesso a eletrônicos. Nada de smartphones, computadores. Portanto, zero de internet, Google, YouTube e afins.

Aos presidiários, uma biblioteca com milhares de livros, papel, caneta, uma incrível força de vontade, garra, inspiração e o grande diferencial do mundo real e analógico em relação ao mundo digital: estímulo, prazer e recompensa que só o conhecimento proporcionam!

Do lado da elite estudantil de Harvard, todo o conteúdo de todas as plataformas possíveis, iPads, supercomputadores, internet de altíssima velocidade, equipe de professores, o Dr. Google e seu infinito espaço-tempo de facilidades, aulas à distância em arquivos incontáveis disponíveis no YouTube, enfim, o maravilhoso universo do tudo o tempo todo.

DEU ZEBRA

E, no fim, deu zebra! A biblioteca real de livros, os cadernos e escritos, o entusiasmo e força de superação dos pobres presidiários venceu a equipe dos filhos de ricos, nativos da tela, viciados em tecnologia, a arrogância da informação preguiçosa e descartável do Google, a falta de curiosidade, de tempo ou o jeito correto para estudar e aprender. Elegantemente, a equipe de Harvard parabenizou os vencedores, como se reconhecesse que informações e conteúdos pré-fabricados que povoam a internet nas redes sociais, aplicativos, buscadores, sites, blogs e tudo o mais, se desfazem como cinza ao vento, quando o supercomputador divino chamado cérebro, aliado a energia intelectiva, afetiva, e força de vontade da mente humana e somada à capacidade de sonhar, são invencíveis frente a qualquer desafio.

Quanto a mim, registro a emoção de quem, contra todas as correntes, tem afirmado neste espaço que um novo tempo se aproxima, em que a inteligência artificial entrará em colapso e o humanismo terá que ser resgatado. Sabedoria valerá muito mais que esse lixão de informações que poluem o universo internáutico.

Tribuna da Internet