quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Todos os indicadores da economia estão piorando

Vicente Nunes
Correio Braziliense

Não por acaso, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como referência para o sistema de metas de inflação, mostrará nova arrancada. Pelos cálculos do economista-chefe do Banco Santander, Maurício Molan, o indicador, que será divulgado na próxima sexta-feira, atingiu 0,78% em outubro ante 0,54% de setembro. No acumulado de 12 meses, a taxa cravou 9,89%. A aceleração do custo de vida foi puxada, sobretudo, pelos grupos alimentação, bebidas e transportes.

A carestia será confirmada pelo IGP-DI. Molan projeta alta de 1,69% neste mês contra 1,42% de setembro. A disparada decorreu, principalmente, da valorização do dólar e da alta da gasolina e do diesel. Segundo o economista, a inflação dos produtos agropecuários, que compõem o índice, deve ter ficado acima dos 3%, com destaque para os reajustes dos preços do milho, da soja e dos suínos.

INDÚSTRIA EM QUEDA

Além da inflação apontando para cima, em meio à inação do governo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontará nova queda da produção industrial. O tombo, acredita Molan, será de 1,7% em setembro em relação a agosto, quando houve contração de 1,2%. Na comparação com setembro do ano passado, a previsão é de retração de 11,5%, que, se confirmada, será o pior resultado desde abril de 2009.

Na avaliação do economista do Santander, tudo piorou, o que explica as revisões, para pior, da recessão que tomou conta do país. Ele destaca o expressivo declínio da produção da indústria automobilística e de aço em setembro, o menor fluxo de veículos pesados nas estradas e a redução do nível de utilização da capacidade instalada. “Se confirmadas as nossas projeções, a produção da indústria mostrará retração de 3,2% no terceiro trimestre frente aos três meses anteriores, reforçando a nossa expectativa de recuo de 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no período”, afirma.

FELIZ ANO VELHO

Para Molan, o setor manufatureiro continuará em rota de deterioração nos próximos meses, devido aos estoques ainda elevados em diversas cadeias produtivas e aos baixíssimos níveis de confiança do empresariado. Nesse período, era para a indústria estar em franco processo de expansão, por conta das encomendas de fim de ano do varejo. Enfim, o que era para ser motivo de comemoração virou decepção. E não será diferente em 2016. Podem preparar os ânimos.

Tribuna da Internet