terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Bumlai, o amigão de Lula, confessa que o PT tinha caixa 2

Ricardo Brandt, Fausto Macedo e Julia Affonso
Estadão


Em seis horas e meia de depoimento nesta segunda-feira, 14, o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, admitiu à Polícia Federal em Curitiba, base da Operação Lava Jato, que os R$ 12 milhões que tomou de empréstimo junto ao Banco Schahin, em 2004, foram destinados ao Caixa 2 do PT. Preso desde o dia 24 e denunciado criminalmente nesta segunda, ele apontou os nomes de dois ex-tesoureiros do partido, Delúbio Soares e João Vaccari Neto, como envolvidos no negócio.

Segundo Bumlai, quem sugeriu a ele que fizesse o negócio foi o próprio presidente do banco, Sandro Tordin – que fez acordo de delação premiada com a Lava Jato junto com a família Schahin. Ele disse que Tordin lhe indicou que tomasse o empréstimo ‘para passar ao PT, via Bertin’.

A força-tarefa da Lava Jato, por meio da quebra dos siligos fiscal e bancário dos investigados, havia identificado que logo após os R$ 12 milhões do Banco Schahin entrarem na conta de Bumlai, o montante foi repassado para contas do Grupo Bertin – que foi sócio dos negócios do amigo de Lula.

Bumlai declarou à PF que “ficou de pensar no assunto”, mas que logo no dia seguinte foram à sua residência em Campo Grande (MS) o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, “e mais gente do partido” que afirmou não se lembrar do nome porque “nem abriram a boca na reunião”. Também foi à reunião o então presidente do banco, Sandro Tordin, com o contrato na mão, segundo Bumlai.

QUIS FAZER UMA GENTILEZA…

A PF quis saber de Bumlai o motivo de ele ter realizado o empréstimo. Ele citou o primeiro grande escândalo da era Lula no Palácio do Planalto que levou à prisão alguns dos principais quadros do PT, entre eles o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu. “Não tinha havido Mensalão ainda, o partido estava com grande popularidade. Não iria custar nada a mim, eu quis fazer um favor, uma gentileza para quem estava no poder”.

Em sua delação premiada, Salim Schahin, um dos donos do grupo, Bumlai e Delúbio disseram que Lula estava a par de empréstimo de R$ 12 milhões tomado pelo pecuarista. No depoimento desta segunda, Bumlai não envolveu o ex-presidente na operação, mas confirmou que o destino do dinheiro era o PT e confessou que fraudou a transferência de embriões de gado para quitar dívida com a Schahin.

NUNCA FOI PAGO…

Oficialmente, o valor emprestado pelo Banco Schahin nunca foi pago formalmente, confessou Salim Schahin em depoimento prestado ao procurador Diogo Castor de Mattos, da força-tarefa da Lava Jato, em sua delação premiada. Ele foi dado como “quitado” sem qualquer juro um dia antes da celebração do contrato de operação do navio-sonda Vitoria 10.000, entre a Petrobrás e a Schahin, em 2009. O contrato foi uma compensação pelo valor repassado em 2004.

O amigo de Lula afirmou que “não sabia’ do negócio do Grupo Schahin relativo ao navio-sonda Vitória 10.000, contratado pela Petrobrás ao preço de US$ 1,6 bilhão, em 2006, mas o fato é que um dia antes do negócio da Schahin com a Petrobrás, o empréstimo do banco com Bumlai foi quitado.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Apesar das pressões que vem sofrendo, Bumlai é um forte candidato à delação premiada. Se confirmar que Lula realmente sabia deste Caixa 2 do PT, como já afirmou o banqueiro Salim Schahin, a vaca de Lula vai literalmente para o brejo. E Bumlai é pecuarista, conhece bem o ramo… (C.N.)


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