sábado, 30 de janeiro de 2016

Desse mato não sai coelho

Carlos Chagas

A presidente Dilma insistiu na aprovação da nova CPMF, agora na reunião do Conselhão. Não convenceu o empresariado, muito menos as lideranças sindicais e os representantes de diversas entidades. Do que Madame precisa é de deputados e senadores dispostos a aprovar a matéria, mas, pelo jeito, até agora não conseguiu número suficiente. O projeto continuará dormindo nas gavetas de seu gabinete. A rejeição será apenas mais uma derrota, mas de tal forma contundente que melhor seria deixar para o segundo semestre, quando a equipe econômica jura que a crise começará a passar.

Enquanto isso, os bancos permanecem faturando alto. Os juros fazem a festa, mesmo não tendo sido elevados pelo Banco Central na última reunião. Como se esperava, o governo não apresentou ao Conselhão um elenco de reformas econômicas. Vai aguardar as sugestões, de resto sem o consenso dos participantes. As mudanças deverão ficar para depois de agosto.

A impressão geral é de que do mato do governo não sai coelho. Nem do Congresso. Muito menos da sociedade civil. A pasmaceira continua, apenas atropelada pelo desemprego em massa, o fechamento de empresas e a alta do custo de vida.

A pergunta que se faz é por quanto tempo mais o país suportará a recessão. Parece que três anos é demais. Sendo assim, alguma coisa acabará acontecendo. Como só pode ser para pior, é bom prestar atenção nas manifestações populares que de duas semanas para cá recrudesceram.

SE MEU APARTAMENTO FALASSE

Afinal, o Lula teve, não tem mais, ainda tem e continuará tendo o triplex no Guarujá? Pagou pelo imóvel, não pagou, arcou com as despesas da reforma feita pela OAS ou a empreiteira trabalhou de graça por conta de contratos celebrados com a Petrobrás? Por duas vezes o ex-presidente confirmou a propriedade: na declaração de bens exigida para candidatar-se à reeleição, em 2006, e em nota oficial do Palácio do Planalto, em 2010. Ano passado, desmentiu. Informou que sua mulher era dona de uma cota da empresa construtora, equivalente ao apartamento. Mas também não explicou a fonte de renda de D. Marisa.

A grande pergunta continua sem resposta. A família Silva pagou pelo imóvel e por sua reforma ou o recebeu como doação da OAS? Nesse caso, por serviços prestados?

Políticos e triplex costumam não se dar bem. Carlos Lacerda foi execrado quando comprou um, na praia do Flamengo, ao deixar o governo da Guanabara.

Tribuna da Internet