sexta-feira, 11 de março de 2016

A certeza de que Dilma será derrubada é consenso no Planalto

Mônica Bergamo
Folha


A presidente Dilma Rousseff já reage com resignação quando confrontada com o diagnóstico, feito até por ministros da equipe dela, de que o governo pode não chegar ao final. “Eu tenho que combater o bom combate. Ganhar ou perder é o resultado”, afirma. Mas outros dirigentes do PT e auxiliares próximos da presidente analisam que ela ainda não teria a exata noção da gravidade da crise, protegendo-se no que chamam de “autismo” político. E há ministros do núcleo mais próximo da presidente garantindo que ela, na verdade, está serena.
A ideia de que o governo não chega a 2018 é praticamente consensual entre eles. A certeza de que a crise política deve se tornar incontornável tomou conta de boa parte dos petistas depois de receberem informações de que as empreiteiras podem detalhar, nas delações premiadas, contribuições por meio de caixa dois para a campanha de Dilma de 2014.
A Odebrecht chegou a mandar recados a Dilma, antes mesmo de Marcelo Odebrecht ser preso, dizendo que informações bancárias da Suíça poderiam mostrar que o marqueteiro dela, João Santana, recebeu recursos no exterior. A ideia era que Dilma, por meio do Ministério da Justiça, tentasse barrar a chegada de documentos do exterior ao Brasil.

SANTANA MENTIU…

O marqueteiro João Santana e a mulher dele, Mônica Moura, asseguraram à presidente Dilma que nada seria encontrado no exterior em relação às contas de campanha dela. Garantiram que todos os pagamentos referentes à eleição dela tinham sido regulares – afirmativa que insistem em manter mesmo depois de presos. Dilma ficou tranqüila… e os documentos acabaram chegando ao Brasil.
Antes de ser preso, o empreiteiro Marcelo Odebrecht mostrava seu inconformismo com Dilma. Repetia que a presidente não se mexia em relação à Lava Jato porque imaginava que a operação se restringiria às empresas, acusadas de formação de cartel.
O senador Renan Calheiros já chegou a sugerir recentemente a Dilma que ela saia do PT e que, para tentar se manter no cargo, convoque um governo de “união nacional”. Ele nega. E ela não quis.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É sabido que Mônica Bergamo é uma das jornalistas que têm maior acesso ao PT e está sempre publicando importantes informações com exclusividade. Este quadro que ela traça da situação do governo é rigorosamente verdadeiro. O clima no Planalto é de velório permanente. Quanto à presidente Dilma, o diagnóstico de “autismo” político é corretíssimo, porém incompleto. Ela sofre também de “autismo” econômico, “autismo” administrativo e por aí em diante. Seu desgoverno não conseguirá destruir o país, mas está causando um estrago incomensurável. Quanto mais cedo ela sair, melhor. (C.N.)

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