domingo, 6 de março de 2016

Derrocada de Dilma e Lula agora é apenas uma questão de tempo

Carlos Newton


A colunista Vera Magalhães, da Veja, revela que as agruras do ex-presidente Lula e de sua sucessora Dilma Rousseff estão apenas no início. “Com a delação do senador Delcídio Amaral, ex-líder do governo, e a investida da Lava-Jato sobre Lula, ficou em segundo plano a delação do empreiteiro Otavio Azevedo, da Andrade Gutierrez. Mas quem teve acesso aos depoimentos diz que ainda virão petardos na direção do atual ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, relacionados à sua atividade como tesoureiro da campanha de Dilma e Michel Temer em 2014, e o executivo Valter Cardeal, homem-forte de Dilma no setor elétrico”, diz a colunista, acrescentando que Otávio Azevedo corroborou o depoimento do empresário Ricardo Pessoa, da UTC, sobre a participação de Cardeal na cobrança de propina para o PT na negociação da construção de Angra 3.

Bem, isto é apenas o começo. Como avisou o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo, o pior ainda está para vir. Além do dirigente da Andrade Gutierrez, que vai colocar Dilma e Temer em situação desesperadora na Justiça Eleitoral, vem por aí também a importantíssima delação do presidente da OAS, Léo Pinheiro, diretamente envolvido nos casos do triplex no Guarujá e do sítio em Atibaia. Se o empreiteiro não contar tudo direitinho, não haverá delação premiada e ele vai direto para Curitiba, pois já está condenado a 16 anos de cadeia.

MAIS UMA DELAÇÃO

Simultaneamente às revelações de Otávio Azevedo e Léo Pinheiro, está caminhando também a delação premiada do ex-deputado e ex-presidente do PP, Pedro Corrêa, que nos depoimentos preparatórios já começou a contar como Lula e Dilma comandavam o circo da corrupção nas estatais. Além disso, o senador Delcídio, cuja colaboração com a força-tarefa da Lava Jato já rendeu cerca de 400 páginas, agora vai entrar em minúcias proustianas, pois está em busca do tempo perdido e pretende acrescentar detalhes picantes às narrações originais.

Por fim, ainda falta investigar o governo como um todo. Os casos do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), da Eletronuclear e da Eletrobras são apenas aperitivo para os pratos principais. No dia que a Polícia Federal e o Ministério Público abrirem a tampa do DNIT (antigo DNER), o fedor na Praça dos Três Poderes será sentido a quilômetros.

LEMBRAM DO DNER???

O DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) mudou de nome, mas não alterou as práticas criminais. Curiosamente, o Ministério dos Transportes hoje está fora de foco, mas a corrupção é uma das mais antigas tradições desta importantíssima pasta governamental, que faz o país andar para trás, pois mantém a logística das exportações em rodovias da idade da pedra lascada, por onde trafegam bravamente milhares de caminhões de carga.

Ao mesmo tempo, o Ministério dos Transportes consegue boicotar a expansão das ferrovias, não moderniza os portos nem incentiva a navegação de cabotagem, e ainda sustenta estatais inócuas como a ferroviária Valec, um conhecido antro de corrupção, e a estatal do fantasmagórico trem-bala, a Empresa Brasileira do Trem de Alta Velocidade (Etav), que nunca fez nada e acabou sendo transformada na Empresa de Planejamento em Logística (EPL), que nos últimos três anos está aprimorando a tecnologia desenvolvida pela Etav em matéria de dolce far niente, como dizem os italianos.

Mesmo assim, la nave va, sempre fellinianamente.

Tribuna da Internet