domingo, 13 de março de 2016

Dilma insiste em não fazer ajuste e deixa a economia desabar

Wagner Pires


A questão é que a economia mergulhou na recessão e continua encolhendo, fato que pode se estender até o ano que vem por conta da falta de um ajuste fiscal do governo de Dilma. Com a contração econômica, ditada principalmente pela queda na demanda das famílias e das empresas, isto é, do setor privado (4% em 2015), mas também pela queda do investimento (14,1% em 2015) e do próprio consumo do governo (1% em 2015), não há espaço para correção dos salários no serviço público e no setor privado, também, de uma maneira geral.
Na verdade, quando o setor público for chamado à razão em um ajuste fiscal que por tardar deverá vir com muito maior força, os salários dos servidores ficarão congelados por muitos anos seguidos; talvez, mais do que os oito anos em que estiveram congelados no governo de FHC.
Não se omite, também, a possibilidade de haver demissões em massa do funcionalismo público. Principalmente, no governo federal, para que o ajuste consiga o seu efeito saneador do orçamento da máquina pública.

DÉFICIT PRIMÁRIO

Na esfera pública federal a União acumula dois anos consecutivos de déficit primário, isto é, em que as despesas orçamentárias foram maiores do que as receitas. Em 2014, déficit de R$ 17,210 bilhões, e em 2015, déficit de R$ 114,985 bilhões. No setor público, então, o que se tem é uma situação insustentável que tende a ser corrigida com medidas extremas num breve espaço de tempo. Entre essas medidas, está justamente o congelamento dos salários dos servidores públicos por um longo período.
Na esfera privada, o quadro é de demissões campeando todos os setores econômicos, com exceção do setor agropecuário, que neste momento se beneficia da desvalorização cambial com reflexo no aumento das exportações. O quadro é de queda na massa real de rendimentos, por consequência das demissões e da compressão salarial dada pelo fenômeno de desligamento de profissionais com maior salário e admissão de profissionais com menor remuneração.

DESEMPREGO

Em 2015 foram fechados mais de um milhão e meio de postos de trabalho formal. Em janeiro de 2016 foram, praticamente, mais cem mil postos de trabalho fechado. Até novembro/2015 a PNAD contínua realizada pelo IBGE já indicava uma taxa de desocupação de 9,1% da população economicamente ativa (PEA). Vamos ultrapassar os 12% de desocupação até a reversão do processo de deterioração econômica. Tem especialista dizendo que é provável que a taxa de desocupação chegue até os 14% da PEA.
Todo este quadro foi causado pelo atual governo, que insistiu no erro de expandir o gasto público para além dos limites da responsabilidade, criando um quadro de profundo desequilíbrio monetário. O resultado é um monstro chamado inflação, que está devorando o rendimento das famílias, o lucro das empresas e impedindo qualquer medida de retomada da expansão econômica. A insistência do governo em não adotar, desde já, um ajuste fiscal profundo agrava o quadro progressivamente.

Tribuna da Internet