terça-feira, 1 de março de 2016

Novo ministro não mudará Polícia Federal. E agora Lula?

Adriano Ceolin

Estadão


Em entrevista exclusiva ao Estadão, o novo ministro da Justiça, Wellington Cesar Lima e Silva, disse que não vai trocar o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello. “Tive uma conversa muito boa com o diretor-geral da PF, com o Leandro (Daiello). E o sinal foi tranquilo, de permanência. As coisas continuam como estão (na PF)”, afirmou.

Ao candidatar-se ao posto de procurador-geral do Estado, o senhor ficou em terceiro lugar na lista tríplice. 

Foram seis candidatos. Eu estava distante da atividade institucional e me inscrevi no último dia e consegui entrar no terceiro lugar. O governador Jaques Wagner conversou com todos os candidatos e eu acabei sendo o escolhido. Na recondução eu fiquei em primeiro lugar com a maior votação da história.

O senhor também foi criticado por ter “cooperado” com o governo Wagner.

No que diz respeito à atitude cooperativa não hostil, eu acho que os entes públicos, de modo geral, devem se relacionar pautados num elevado padrão de tratamento recíproco. Qualquer que seja o ente. Em qualquer lugar que eu esteja, orientarei minha conduta por elevados padrões de tratamento sem transigir em absolutamente um milímetro da minha obrigação institucional.

É que o momento é delicado, ministro. Especula-se que o senhor deve trazer o atual secretário de Segurança Pública na Bahia, Maurício Barbosa, para o comando da Polícia Federal.

Não considerei nenhuma hipótese ainda. A minha ideia inicial é avaliar todos os quadros do ministério e fazer os ajustes.

Mas o senhor faria uma mudança na PF, não?

Não! Pelo contrário. Ontem eu tive uma conversa muito boa com o diretor-geral da PF, com o Leandro (Daiello). E o sinal foi tranquilo, de permanência, de que as coisas continuam como estão.

O senhor pretende mantê-lo, então?

Eu pretendo mantê-lo. Disse a ele que a palavra de ordem é trabalhar normalmente.

Como foi a conversa?

Leandro se revelou um servidor da maior qualidade. Eu tive a melhor impressão sobre ele.

Como o senhor vem da Bahia, a sua indicação foi feita pelo ministro Jaques Wagner…

Só para registrar. A minha indicação foi feita pelo ministro José Eduardo Cardozo até onde eu sei. Ele e o ministro Jaques Wagner me disseram que a indicação partiu do ministro Cardozo. Nós já nos conhecíamos há algum tempo. Participávamos de encontros do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais.

O senhor também já esteve com o procurador geral Rodrigo Janot. Tem boa relação com ele?

Tenho uma relação institucional. Sem maior proximidade. Mas muito positiva.

Sua ligação com o ministro Jaques Wagner deixa a impressão que o Ministério da Justiça ficará subordinado à Casa Civil. Como responde a isso?

Não existe isso. Não há a menor possibilidade.

O senhor vai tentar marcar sua independência?

Não é independência. Vou cumprir meu papel institucional onde quer que eu esteja. No Ministério Público ou no Ministério da Justiça, vou cumprir meu papel institucional.

A ordem da presidente Dilma é manter as investigações? O senhor chegou falar com ela sobre isso?

A minha orientação pessoal e minha determinação é conduzir o Ministério da Justiça com absoluta fidelidade aos seus compromissos constitucionais.

O ministro Cardozo saiu muito criticado por todos os partidos políticos, pelo PT, PMDB...

A conjuntura e as condições do ministro José Eduardo Cardozo são particulares da sua história pessoal e estão vinculadas a essa dinâmica. A minha condição está presa à minha origem constitucional. Sou uma opção de natureza técnica. Não venho da atividade, do ambiente político. E pretendo dar uma modesta colaboração pautado sempre na observância da Constituição. Com respeito às decisões do Supremo Tribunal Federal e da Justiça do meu País.

A sua entrada no ministério da Justiça não significa uma mudança de rumos na pasta?

Significa um novo personagem, mas pautado pelo mesmo quadro. E esse quadro é a Constituição e o desempenho das funções do ministro da Justiça.

###

NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Esta declaração do procurador Wellington Lima e Silva está levando Lula à loucura. O ex-presidente achava que o governo agora passaria a controlar a Polícia Federal, mas trata-se de missão impossível. O novo ministro já fez questão de tirar o dele da reta, como se dizia antigamente(C.N.)


Tribuna da Internet