sexta-feira, 18 de março de 2016

Quem pegou o ex-presidente Lula foi a Receita Federal

Fernando Castilho
Jornal do Commercio


Esqueça o japonês da Federal e o procurador-chefe da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol. E também aquele promotor do Ministério Público de São Paulo, Cássio Conserino. Quem pegou Lula foi a Receita Federal, que vai ter as provas contra o ex-presidente. E é com isso que ele agora vai se preocupar.
Como na Máfia italiana, e no enredo da saga americana de Al Capone, quem pegou Luís Inácio Lula da Silva não foram os federais, mas da Receita. Até porque eles fizeram junto com o MPF do Paraná e o Juiz Sérgio Moro todo o trabalho de cruzamento dos dados e produziram as provas. No início do mês, havia na operação Lava Jato 44 auditores da Receita.
É preciso entender uma coisa que é fundamental nesse jogo. O sujeito pode até não ser preso como aconteceu com o ex-presidente ser conduzido coercitivamente a prestar depoimentos, mas o processo no Fisco é quem vai comprometer seu futuro. E esse é o problema que Lula nem o PT e muito menos a militância entenderam. O problema do ex-presidente é com o Fisco e, se for preso, será por ocultação de patrimônio, elisão fiscal e vai por aí já que o dinheiro auferido tem origem nos desvios que as empresas envolvidas na Lava Jato fizeram.

FIO CONDUTOR

O que aconteceu – seja no STF, seja na Justiça Federal – com o Delcidio Amaral e com Lula tem um fio condutor. Antes de Lula, dezenas de empresários e gestores das empresas e da Petrobras vão tirar cadeia mesmo. E não vai ter juiz nem de primeira nem de segunda instância que revogue preventiva e julgue diferente de Sérgio Moro. Aquela decisão do Supremo, mandando o sujeito para a prisão depois de ter a condenação validada em segundo grau, foi para pegar os caras apanhados na Lava Jato. A decisão de mandar processar Eduardo Cunha foi nessa direção. Ou seja: bateu no Supremo está ferrado. E olha que a ministra Carmem Lúcia só assume em setembro.
O STF assumiu o papel de fazer o que o Legislativo e o Executivo não estão fazendo. Cuidando de defender a Democracia. O STJ, depois que o Delcídio citou o ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, se sentira obrigado a também se mostrar duro com os envolvidos na Lava Jato.
É isso que nem Lula nem o PT entenderam. O que a Receita Federal chama sofismando de ‘confusão operacional e financeira’ entre o Instituto Lula e a LILS, empresa de palestras do ex-presidente é o ápice da Lava Jato. Estamos falando de R$ 20 milhões que foram doados ao Instituto Lula pelas cinco maiores empreiteiras envolvidas no cartel da Lava Jato. Outros R$ 10 milhões pagos à LILS.

CRUZAMENTO DE DADOS

Tem muito mais coisa em termos de cruzamento de dados. O fio da investigação é um total de R$ 20 milhões doados ao Instituto Lula pelas cinco maiores empreiteiras envolvidas no cartel da Lava Jato. Outros R$ 10 milhões pagos à LILS. Para a Receita Federal, a questão foi a análise é o relacionamento das “entradas e recursos da LILS Palestras e saídas de recursos do Instituto Lula”.
E o PT vai reagir? Tem a obrigação. Tem o dever de fazer um barulho dos diabos, pois essa é a última barreira. Se o Lula cair, como parece que caiu, vai sobrar o quê? Em 36 anos de existência, a utopia do PT converteu-se numa ação criminosa de amigos. Se um petista de raiz abrir mão dessa utopia, vai viver como?
Com a Justiça se enfrenta, com o Congresso se disputa eleição. Mas contra o leão do Imposto de Renda só existe o DARF (Documento de Arrecadação de Receitas Federais), que já pegou gente muito poderosa e agora está pegando Lula e seus amigos do PT e de outros partidos.
(reportagem enviada pelo comentarista Roberto Almeida)

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