Deu em O Globo
No discurso de vitória do trabalhista Sadiq Khan para a eleição
municipal de Londres, na qual o primeiro prefeito muçulmano da capital
britânica, um candidato de extrema-direita virou as costas para ele
durante o discurso, em sinal de repúdio ao político. Com 44% dos votos,
Khan derrotou o conservador Zac Goldsmith, filho de um bilionário, que
ficou com 35%.
— Londres escolheu a esperança sobre o medo, e a união sobre a
divisão — declarou ele, pouco após sua vitória ser oficializada, no
início da madrugada de sábado.
Enquanto Khan falava, acompanhado dos candidatos derrotados na
disputa, Paul Golding, do partido Britain First (Bretanha Primeiro),
virou as costas. Autodeclarado de inspiração neofascista, o candidato de
extrema-direita, que não chegou a 1% dos votos, havia dito ao se
candidatar que era contra os muçulmanos na política. Ligado a movimentos
ilegais de cunho nazista, o partido já foi acusado de abrigar atacantes
a mesquitas e criminosos de ódio em sua curta história de cinco anos.
MODERNO E PROGRESSISTA
A vitória de Sadiq Khan, de 45 anos, confirmou as pesquisas de
opinião, que apontavam uma vantagem de 12% sobre Goldsmith. No total,
5,6 milhões de londrinos foram convocados a votar. Goldsmith e o
primeiro-ministro David Cameron insistiram em apresentar Khan como
alguém com vínculos com extremistas muçulmanos, uma estratégia que pode
se voltar contra os conservadores.
— Khan é claramente um muçulmano moderno e progressista. Se os seus
oponentes se aventurarem muito neste terreno, correm o risco de
enfrentar uma reação enérgica — disse Tony Travers, professor da London
School of Economics.
Em entrevista à AFP, Khan denunciou a campanha “divisiva e desesperada” dos conservadores.
— Sou londrino, sou britânico, sou de fé islâmica e tenho orgulho de
ser muçulmano. Sou de origem asiática, paquistanesa. Sou um pai, sou um
marido, sou sofrido torcedor do Liverpool há muito tempo. Sou todas
estas coisas — disse. — Mas o melhor desta cidade é que você pode ser um
londrino de qualquer confissão ou de nenhuma, e aqui fazemos algo mais
que tolerar: nos respeitamos, recebemos com os braços abertos.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Jemima Goldsmith, irmã do candidato conservador derrotado, parabenizou o rival e disse que Khan é “um grande exemplo para os jovens muçulmanos”. Exatamente, é isso que deve ser destacado. O exemplo de Khan nos abre esperança de um mundo melhor, em que os povos se respeitem e se relacionem sem influência das ideologias e das religiões. Somos todos iguais, embora pareçamos diferentes. (C.N.)
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