Carlos Newton
Toda eleição é sempre interessante e intrigante. Desta vez, as urnas
marcaram a derrocada do PT em praticamente todo o país, com exceção
apenas do Acre, que é inexpressivo em número de eleitores e há décadas
está sob controle dos irmãos Jorge e Tião Viana, que passaram parte da
juventude em Brasília, onde a família morava quando o pai deles, Wildy
Viana, era deputado federal pela Arena, depois PDS e, por fim, PFL,
vejam como as coisas podem mudar na política. Hoje, o velho Wildy é
petista de carteirinha.
Lula jamais permitiu que o PT criasse novos líderes que pudessem
ameaçar sua hegemonia sobre o partido. Para evitar que isso acontecesse,
ele criou “postes” eleitorais como Dilma Rousseff e Fernando Haddad, e
até conseguiu elegê-los, represando as lideranças mais antigas e
efetivas do partido. O resultado aí está. O PT não tem mais lideres e já
perdeu a força política que tinha no Rio Grande do Sul e no ABC
paulista.
O criador do PT quer ser candidato em 2018 e ainda sonha em
renascimento do partido, mas é apenas uma ilusão à toa, como diria o
genial compositor Johnny Alf. Se Lula não estiver atrás das grades na
época das próximas eleições, deve acender uma vela a todos os santos.
ALCKMIN FORTALECIDO – Ao contrário de Lula, o
governador paulista Geraldo Alckmin sai amplamente vitorioso nesta
eleição. Em busca da nova candidatura à presidente em 2018, ele mostrou
que também sabe plantar postes, enfrentou a resistência de todos os
caciques do PSDB, lançou sozinho o empresário João Dória Jr. na disputa.
Com a política no sangue. filho do deputado João Dória (PDC-BA), que
também era jornalista e publicitário, cassado e exilado na ditadura, o
poste de Alckmin não decepcionou.
Com a surpreendente performance de Dória Jr. em sua estreia nas
urnas, Alckmin se credencia para tentar novamente a Presidência da
República, ao demonstrar que picolé de chuchu pode não ter gosto, mas
rende votos. Sem dúvida, Alckmin conseguiu perturbar o sono e o sonho de
Aécio Neves e José Serra, que são os dois outros presidenciáveis do
tucanato.
O REI DA BAHIA – Quem também saiu vitorioso foi o
prefeito Antonio Carlos Magalhães Neto. Ao contrário do que muitos
pensam, ACM Neto não é filho do falecido deputado federal Luis Eduardo
Magalhães. Seu pai é Antonio Carlos Magalhães Filho, que era suplente do
velho ACM, chegou a assumir o mandato de senador, mas sempre foi figura
Totalmente apagada na política.
Mas o filho ACM Neto é uma revelação. Entrou na política diretamente
como deputado federal, elegendo-se em 2002 como mais votado do PFL
baiano, na aba do avô, é claro, que então dominava a política baiana.
Desde o início do mandato, ACM Neto foi logo mostrando serviço.
Desinibido, competente e seguro, imediatamente virou vice-líder do PFL,
atuando com destaque no plenário e nas comissões. Em 2006 e 2010,
reelegeu-se para a Câmara, em 2012 venceu a eleição para prefeito de
Salvador e agora repetiu a dose, com impressionante margem de votos.
Com certeza, ACM Neto será governador da Bahia em 2018 e depois
poderá tentar a Presidência da República. É um líder em ascensão.
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PS – Em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, o fracasso do PT é impressionante. O grande vitorioso é Marcelo Freixo, do PSOL, que pode atropelar por fora no segundo turno e derrotar o outro Marcelo, o Crivella do PRB. Sem dúvida, Freixo é outro jovem líder em ascensão. (C.N.)
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