sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

Quem vencer as eleições de 2018 vai governar um país praticamente falido

Rosana Hessel e Hamilton Ferrari
Correio Braziliense

O especialista em contas públicas Gabriel Leal de Barros, diretor da Instituição Fiscal Independente (IFI), afirma que o teto de gastos vai estourar em 2019. “Tudo indica que, se o governo não conseguir alavancar as reformas, haverá mais problemas na área fiscal em 2019. Teremos uma agenda congestionada. Seja qual for o presidente, reformista ou não, vai ser difícil evitar todos esses problemas”, avisa. “Por isso, é preciso um debate franco e de alta qualidade com a sociedade”, emenda.
Outro problema inevitável para o novo governo será o descumprimento da regra de ouro, que está na Constituição e proíbe que o Tesouro Nacional emita mais dívida para cobrir despesas de custeio. Isso abriria caminho para um novo processo de impeachment por irresponsabilidade fiscal para quem estiver no poder no ano seguinte.
DESAFIO FISCAL – A dívida pública bruta (governos federal, estaduais e municipais) avança inexoravelmente. E a piora do cenário fiscal dependerá de quem vencer as eleições em 2018, aponta o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale. “Um governo populista poderá simplesmente agravar o quadro fiscal porque não fará ajustes e não tentará reduzir o tamanho do Estado. Gastará muito mais, porque vai minimizar o problema atual”, afirma. “Acreditar que há alternativas para a crise fiscal sem uma profunda reforma da Previdência é brincar de dar salto mortal no abismo”, alerta, reconhecendo que há risco de o país entrar em uma nova recessão se o ajuste fiscal ficar para depois.
O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, ressalta que, independentemente de quem ganhar as próximas eleições em 2018, a questão da reforma da Previdência precisará ser atacada em 2019. “Qualquer um que entrar no Planalto não terá escolha. A dificuldade maior é ter um presidente que una esforços e saiba lidar com o Congresso para votar as reformas. Os populistas que são candidatos chegarão sem força ao fim da campanha”, avalia.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A reforma da Previdência é necessária, mas está sendo feita pela metade e de forma equivocada, preservando os direitos adquiridos dos chamados marajás. Não há enxugamento da máquina pública, não se fez nada para conter os privilégios, como mordomias, carros oficiais, cartões corporativos, penduricalhos salariais viagens desnecessárias, cargos comissionados e por aí a fora. Quando ao problema maior (a descontrolada dívida pública), é como se não existisse e o país estivesse no melhor dos mundos imaginado por Voltaire. É muita irresponsabilidade da administração pública e da imprensa, que tem obrigação de discutir aberta e profundamente a reforma da Previdência e a evolução da dívida. (C.N.)


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