sexta-feira, 8 de junho de 2018

Um poema de amor e ternura, na homenagem de Bandeira à mulher amada


Paulo Peres
Site Poemas & Canções


O crítico literário e de arte, professor de literatura, tradutor e poeta Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (1866-1968), conhecido como Manuel Bandeira, versificou sua “Ternura” pela mulher amada.


TERNURA

Manuel Bandeira


Enquanto nesta atroz demora,
Que me tortura, que me abrasa,
Espero a cobiçada hora
Em que irei ver-te à tua casa;


Por enganar o meu desejo
De inteira e descuidada posse,
Ai de nós! que não antevejo
Uma só vez que ao menos fosse;


Sentindo em minha carne langue
Toda a volúpia do teu sonho,
Toda a ternura do teu sangue,
Minh’alma nestes versos ponho;


Por que os escondas de teu seio
No doce o pequenino vale,
— Por que os envolva o teu enleio,
Por que o teu hálito os embale;



E o meu desejo, que assim foge
Ao pé de ti e te acarinha,
Possa sentir que minha és hoje,
E és para todo o sempre minha…


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