quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Exército do Irã diz ter testado sistema de mísseis antiaéreos com sucesso

O Exército da República Islâmica afirmou nesta quinta-feira ter testado com sucesso o sistema de mísseis antiaéreos S-200, capazes de atingir alvos de médio alcance.

O anúncio chega em meio a um dos maiores exercícios militares já realizados pelo país e um dia após o Irã ter afirmado e depois desmentido que seis aviões teriam invadido seu espaço aéreo.

O aumento das capacidades militares do Irã é acompanhado com preocupação pelas potências ocidentais, que acusam o país de desenvolver seu programa nuclear buscando a criação da bomba atômica, algo que Teerã nega.

O general Mohamed Hassan Mansurian, comandante adjunto da defesa antiaérea, declarou nesta quinta-feira que os mísseis S-200 foram testados com sucesso, e substituem os S-300, um sistema de proteção contra ataques aéreos que a Rússia venderia ao Irã mas cuja entrega foi cancelada após as sanções aprovadas no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).

"Desenvolvemos este sistema aperfeiçoando o S-200, e o testamos com êxito", afirmou Mansurian à Press-TV, emissora estatal iraniana de língua inglesa.

Já o general Hamid Arjangi, porta-voz que comenta os exercícios militares, disse que o sistema, conhecido como Mersad, ou "Emboscada", em farsi, foi desenvolvido por cientistas iranianos e é capaz de identificar e atingir alvos em baixas e médias altitudes.

"Este sistema de defesa de médio alcance pode identificar e destruir aviões modernos voando a baixas e médias altitudes", disse Arjangi à agência estatal Irna.

EXERCÍCIOS

Iniciados na terça-feira, as atuais manobras militares foram classificadas pelo Irã como o maior exercício de defesa antiaérea já realizado pelo país. A emissora Press TV, que transmite em inglês, disse que as atividades irão durar cinco dias, se concentram perto de instalações nucleares e incluem o uso de mísseis de longo alcance.

EUA e Israel, que acusam o Irã de tentar desenvolver armas nucleares, não descartam a possibilidade de bombardearem o país para conter o seu programa atômico, embora também na terça-feira o secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, tenha se declarado contrário à opção militar contra a República Islâmica.

"As manobras militares de larga escala [...] irão melhorar a prontidão para confrontar possíveis ameaças ao espaço aéreo do Irã e a centros nucleares, muito populosos ou vitais', disse o brigadeiro Ahmad Mighani, chefe da unidade responsável por reagir a ameaças aéreas.

No domingo, um comandante da Guarda Revolucionária do Irã (força de elite do país) disse que tropas terrestres haviam realizado simulações militares perto de instalações nucleares do país, "exatamente como em um combate real".

MÍSSEIS S-300

Ainda no fim de setembro o presidente russo Dmitri Medvedev assinou um decreto proibindo todas as vendas de armamento pesado ao Irã, em respeito às sanções aprovadas na ONU ainda em junho.

"O decreto, em particular, proíbe (...) a entrega ao Irã de qualquer classe de tanques, carros blindados, peças de artilharia de grosso calibre, aviões e helicópteros de combate, navios de guerra, mísseis ou baterias de mísseis", informou o Kremlin em comunicado.

O documento ressaltou ainda que a proibição também afeta os sistemas antiaéreos com mísseis S-300, que o Irã esperava receber em virtude de um contrato assinado por ambas as partes em 2007.

Medvedev afirma em seu decreto que o armamento pesado com destino a Teerã não pode ser transportado através do território russo, assim como não pode ser exportado ou entregue ao Irã fora da Rússia com emprego de navios ou aviões de transporte com bandeira nacional.

CAPACIDADE MILITAR

Ainda no final de outubro, o repórter da Folha Samy Adghirni fez um levantamento identificando a elevação das capacidades militares da República Islâmica, pressionada pela ameaça de um ataque às suas centrais nucleares.

Nos últimos meses, militares iranianos apresentaram ao mundo alguns dos equipamentos mais modernos fabricados por uma indústria bélica nacional que é um símbolo de resistência.

O festival de novidades inclui aviões, mísseis, lanchas e até submarinos. Tudo desvendado em grandiosas cerimônias à glória da nação.

O presidente Mahmoud Ahmadinejad está em todas as apresentações, nas quais insiste em que as armas não passam de instrumentos de defesa, e que o Irã não quer a bomba atômica, como acreditam Israel e os Estados Unidos.

O lançamentos são, muitas vezes, restritos à imprensa oficial. Os dados técnicos são impossíveis de verificar. Há quem diga que o Irã alimenta de propósito a ambiguidade sobre o real poder de suas armas.

A Folha compilou as principais armas apresentadas neste ano por Teerã.


MÍSSIL FATEH
Comprimento: 9 metros
Velocidade: não informado
Alcance: 250 km
Missão: ataque a alvos terrestres
Status: Operacional. Novos modelos recém-entregues



HIDROAVIÃO BAVAR
Comprimento: não informado
Alcance: dezenas de km
Velocidade: 130 km/h
Missão: ataques com metralhadoras, monitoramento. Segundo analistas, pode ser usado em ataques aéreos suicidas
Status: Operacional



AVIÃO NÃO TRIPULADO KARRAR
Comprimento: 4 metros
Alcance: 1.000 km
Velocidade: 900 km/h
Missão: carregar explosivos, espionagem e monitoramento
Status: Em fase de teste



MINI SUBMARINO QADIR
Comprimento: 29 metros
Velocidade: 8 km/h
Alcance: não informado
Missão: patrulhamento, detecção de minas, combate
Status: Operacional. Novos modelos recém-entregues



LANCHAS ZOLFAGHAR E SERAJ
Comprimento: não informado
Velocidade: 80 km/h
Alcance: não informado
Missão: patrulhamento, ataques, lança-mísseis
Status: Em fabricação



FRAGATA JAMARAN
Comprimento: 95 metros
Velocidade: 30 nós
Alcance: não informado
Missão: combate marítimo e ataque a alvos aéreos e terrestres
Status: Operacional. Nova versão em fabricação


Folha Online