Um tribunal civil dos Estados Unidos condenou nesta quarta-feira um ex-detento da prisão militar americana de Guantánamo em apenas uma das mais de 280 acusações de terrorismo contra ele.
O tanzaniano Ahmed Khalfan Ghailani, 36 anos, foi considerado culpado por "conspiração para danificar ou destruir instalações do governo", em relação aos atentados a bomba cometidos em 1998 nas embaixadas americanas em Nairóbi (Quênia) e em Dar es Salaam (Tanzânia).
Os ataques foram perpetrados pela rede Al Qaeda e deixaram um total de 224 mortos e milhares de feridos.
O caso de Ghailani foi o primeiro teste do governo de Barack Obama em sua decisão de julgar ex-detentos da base de Guantánamo - localizada em Cuba - em tribunais civis, em vez de militares.
A pena de Ghailani pode variar entre 20 anos de cadeia e prisão perpétua. No entanto, ele foi inocentado das acusações de assassinado e de conspiração para assassinato.
“Interrogatório intensificado”
Ghailani foi detido no Paquisão em 2004. Depois, ele foi levado a instalações secretas da CIA (serviço de inteligência americano) e, em 2006, para Guantánamo.
Na base cubana, ele foi submetido ao que o governo dos Estados Unidos chama de "interrogatório intensificado" pela CIA. Os advogados de defesa alegam que o tanzaniano foi torturado.
Os promotores tiveram um revés quando um juiz federal de Nova York impediu a participação de uma testemunha-chave de acusação, alegando que ela havia sido citada pelo réu quando ele estava "sob pressão".
A testemunha, Hussein Abebe, deveria ter dito no tribunal que vendeu a Ghailani o TNT usado no ataque a bomba à embaixada americana na Tanzânia.
BBC Brasil