O Irã vem enfrentando problemas há anos com o equipamento usado em seu programa de enriquecimento de urânio, e o vírus de computador Stuxnet pode ser um dos fatores, disse um importante ex-inspetor nuclear da ONU.
Olli Heinonen, que deixou em agosto a diretoria mundial das inspeções nucleares da ONU, disse que havia muitas razões para os defeitos técnicos terem reduzido o número de centrífugas em atividade na usina de enriquecimento iraniana em Natanz.
"Uma das razões é que o projeto básico daquelas centrífugas... não é tão sólido", disse Heinonen, ex-diretor assistente da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e agora pesquisador na Universidade Harvard.
Perguntado sobre o vírus Stuxnet, ele respondeu "claro, pode ser uma das razões... Não existem provas de que tinha sido, mas muitas das centrífugas apresentaram defeitos".
Especialistas em segurança dizem que o surgimento do Stuxnet pode ter sido um ataque estatal ao programa nuclear do Irã que, segundo Teerã, foi criado para produzir eletricidade, mas que líderes ocidentais suspeitam ser um esforço camuflado para desenvolvimento de bombas nucleares.
Qualquer atraso na campanha do Irã proporcionaria mais tempo aos esforços de encontrar uma solução diplomática para o impasse entre o país e seis potências mundiais quanto à natureza de suas atividades nucleares.
O Irã fechou acordo provisório para se reunir com um representante dessas potências no começo do ano que vem, pela primeira vez em mais de um ano.
Anteriormente, especialistas afirmaram que novas pesquisas haviam demonstrado de modo definitivo que o Stuxnet tinha sido criado para tomar por alvo o tipo de equipamento usado em enriquecimento de urânio, o que aprofundou as suspeitas de que seu objetivo fosse sabotar as atividades nucleares da república islâmica.
As centrífugas são aparelhos cilíndricos de ajuste delicado, que giram em velocidade supersônica a fim de aumentar o volume de material físsil do urânio e permitir que sirva como combustível para usinas nucleares ou, se refinado em grau ainda mais alto, para bombas nucleares. DA REUTERS, EM VIENA
Folha Online