Um novo dispositivo tecnológico será enviado para os soldados britânicos na província de Helmand, no Afeganistão. É uma espécie de "cueca blindada" para protegê-los de ferimentos na área pélvica, causados pelas bombas do Talebã nas estradas.
Cada um dos homens já está recebendo quatro pares das cuecas, que se parecem com shorts de ciclismo. Elas são feitas com um material balístico especial produzido a partir de seda e tecidos sintéticos. O modelo é unissex e serve também para soldados do sexo feminino.
O material faz com que a peça de roupa permaneça leve, mas possa parar ou diminuir os efeitos dos estilhaços que atingem o soldado após uma explosão.
Muitos soldados na região foram feridos em explosões nas estradas afegãs por causa do uso de bombas acionadas pelo peso da pessoa ou do veículo que passa sobre elas.
Por causa desse mecanismo, a maior parte da força destrutiva das explosões é direcionada para a cima, e atinge a pélvis e o topo das pernas dos soldados.
Proteção
Cerca de 45 mil pares de cuecas blindadas já foram levados ao Afeganistão, e outros 15 mil estão prontos para serem enviados aos soldados que serão despachados.
Mais pedidos serão entregues no começo do próximo ano pelo fabricante na Irlanda do Norte. O valor do pedido é de cerca de US$ 9 milhões (cerca de R$ 16 milhões).
A peça vem em cores de camuflagem e é usada por cima das calças, amarrada dos dois lados. Ela também pode ser guardada em uma bolsa na parte de trás das calças para ser usada quando necessário.
A camada interior é revestida de agentes antimicrobianos para evitar infecções.
Os soldados britânicos já usam escudos de proteção sobre o coração, pulmões, fígado e rins, além de um capacete e óculos à prova de explosões.
No entanto, artérias importantes passam pela área dos órgãos genitais que, até então, estavam desprotegidos.
Material
Alan Hepper, engenheiro do Laboratório de Ciência e Tecnologia da Defesa, diz que muitos fatores foram considerados ao criar os materiais.
"O modo como a seda é tecida faz com que ela seja muito forte e tenha uma grande eficiência balística. Pode parecer um material extravagante, mas em termos de proteção, é o melhor que encontramos", diz.
A China e o Japão usaram materiais feitos de seda para as armaduras dos soldados por pelo menos mil anos, mas na Grã-Bretanha a seda foi utilizada pela última vez pela força aérea durante a Segunda Guerra Mundial.
Uma terceira camada de proteção deverá ser adicionada à cueca blindada para soldados que executam tarefas mais perigosas, como a detecção e o desativamento de bombas. Os testes devem começar no próximo ano. BBC Brasil