Um enviado não-oficial americano para a questão coreana, Bill Richardson, qualificou neste sábado a tensão entre a Coreia do Sul e do Norte como "um barril de pólvora", após uma visita à capital norte-coreana, Pyongyang.
Em uma entrevista à rede de TV CNN depois da viagem, ele disse que fez "pequenos avanços" na promoção do diálogo entre os dois vizinhos e que pediu às autoridades norte-coreanas para exercer "moderação" diante das tensões.
"Neste momento, (a situação) é um barril de pólvora", afirmou Richardson.
"O que precisamos fazer agora é não apenas acalmar as coisas, mas considerar as medidas que podem ser tomadas pelos norte-coreanos, especialmente, quem sabe, permitir o acesso à agência atômica internacional (AIEA) para que examine o arsenal (norte-coreano)".
A visita ocorre no momento em que a Coreia do Sul se prepara para realizar manobras militares no Mar Amarelo, em resposta ao ataque a míssil norte-coreano que matou quatro sul-coreanos no mês passado.
"Pedi extremo comedimento. Vamos acalmar as coisas. Evitar as reações. Deixemos os exercícios acontecerem", afirmou o enviado.
"Minha impressão dos norte-coreanos é que eles estão buscando formas de moderar as coisas. Talvez isto continue hoje, espero".
Richardson, que é governador do Estado do Novo México, viajou por sua própria conta à Coreia do Norte – com quem os EUA não têm relações diplomáticas –, mas no passado já exerceu a função de moderador entre os dois vizinhos.
Exercícios militares
A agência de notícias sul-coreana, Yonhap, noticiou que os exercícios militares com artilharia devem ser realizados no início da próxima semana, devido ao mau tempo neste fim de semana.
A simulação de um dia está marcada para ocorrer entre este sábado e a terça-feira na região da ilha de Yeonpyeong, perto da fronteira em disputa entre os dois países.
A mídia estatal norte-coreana tem advertido que, se os exercícios forem levados adiante, o país pode atacar o sul em maior escala que o ataque anterior, em caráter "imprevisível" e "de autodefesa".
Na ofensiva norte-coreana à Coreia do Sul, em 23 de novembro, quatro soldados e dois civis sul-coreanos morreram.
A China advertiu que um conflito entre os dois vizinhos desestabilizaria a região e pediu que ambos os governos evitem a escalada da tensão. Mas o governo chinês até agora se limitou a expressar "grande preocupação" com a possibilidade.
Na sexta-feira, a Rússia – que faz fronteira com a Coreia do Norte – pediu às autoridades americanas e sul-coreanas que cancelem os exercícios militares. BBC Brasil