quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Enchentes matam ao menos 35 e devastam Austrália e Sri Lanka

As chuvas não dão trégua e continuam causando enchentes devastadoras na Austrália e no Sri Lanka, com um total de 35 mortos e mais de 3,5 milhões de pessoas afetadas.

As autoridades australianas comunicaram nesta quinta-feira que já são 14 os mortos pelas inundações no Estado de Queensland neste ano. Ao menos 70 cidades ou povoados foram atingidos pela torrente de água e lama, deixando 2,5 milhões de pessoas afetadas e ao menos 200 mil desabrigados.

As chuvas atingem o país desde novembro, mas a crise escalou quando uma tempestade enviou uma corrente de oito metros de água, descrita como um tsunami instantâneo, por toda a cidade de Toowoomba, a oeste de Brisbane, na segunda-feira (10).

Um jovem de 24 anos tragado por um esgoto quando tentava visitar o pai se tornou a primeira vítima fatal das enchentes em Brisbane, a terceira maior cidade da Austrália e onde na madrugada desta quinta-feira houve um novo aumento no nível do rio homônimo.

Apesar da alta, o nível do rio Brisbane ficou um metro abaixo dos 5,5 previstos pelas autoridades --o que teria colocado em perigo toda a área metropolitana, de dois milhões de habitantes.

O alívio não evitou uma enorme esteira de destruição, e se mantém o estado de alerta em todos os Estados da Austrália, à exceção do território da capital federal, Camberra.

Quase 14.500 casas e estabelecimentos de Brisbane estão totalmente submersos, além de outros 19.700 parcialmente inundados, enquanto 100 mil imóveis estão sem eletricidade e a provisão de água potável é intermitente.

"Alguns moradores poderão retornar a suas casas em dois dias; outros terão que esperar meses. Os mais desafortunados, jamais poderão", lamentou a primeira-ministra de Queensland, Anna Bligh.

"Cerca de 75% do nosso Estado experimentou um alto nível de destruição com as furiosas enchentes, e agora teremos pela frente uma reconstrução de proporções de pós-guerra", acrescentou Bligh.

Com 35 subúrbios inundados, muitas partes de Brisbane lembravam Veneza, com moradores em barcos tentando criar o que eram ruas e vendo apenas o topo de semáforos.

Ao sul de Queensland, as enchentes já deixaram isoladas 4.500 pessoas no Estado de Nova Gales do Sul. A previsão é que as chuvas cheguem ainda a Victoria.

Autoridades advertiram sobre o risco de mais inundações nas próximas semanas, com dois meses da estação chuvosa a frente. As barragens já estão no limite a estimativa indica que seriam necessários sete dias de seca para que esvaziassem.

O Escritório de Meteorologia prevê que uma tempestade no mar Coral, na costa de Queensland, deve se tornar um ciclone em 24 a 48 horas. Ela deve trazer mais chuvas ao Estado.

Queensland tem recebido tanta chuva nos últimos dois meses que o terreno está totalmente alagado e as barragens estão cheias, ou seja, qualquer chuva mais pesada vai inchar ainda mais os rios já inundados. A enxurrada foi atribuída ao fenômeno climático La Niña, no oceano Pacífico.

As inundações podem custar quase US$ 1 bilhão ao país, embora alguns economistas esperem US$ 6 bilhões em prejuízos em Queensland, com a paralisação da indústria de carvão e a destruição da infraestrutura, como estradas, ferrovias e pontes.

Um economista do Banco Central tem alertado ainda que as inundações poderiam cortar o produto interno bruto (PIB), medida da renda nacional, em até 1%, o que representa US$ 13 bilhões, além de colocar em risco a promessa do governo de um retorno à superavit em 2012-2013.

SRI LANKA

Ás águas também avançam sobre boa parte do centro e leste de Sri Lanka, onde ao menos 21 pessoas morreram e mais de um milhão foram afetadas de alguma forma pelas enchentes.

O Centro de Gerenciamento de Desastres afirma que 270 mil pessoas estão desabrigadas.

Muitas vilas no leste do país foram completamente inundadas e algumas permanecem isoladas e sem receber suprimentos.

Ao menos nove vilas da região de Muttur só podem ser acessadas pelo mar, disse N. Selvanayagam, funcionário do governo local.

O líder comunitário de Muttur Mohammad Jihad disse que dezenas de milhares de pessoas precisam de comida e medicamente e os estoques estão acabando rapidamente.

As intensas chuvas que caíram no país nos últimos dias fazem parte do período de monções e provocaram ainda deslizamentos de terra. Folha Online