segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Irlanda reduz estimativa de crescimento para 2011

O banco central irlandês revisou fortemente para baixo a estimativa de crescimento em 2011 para o país, de 2,4% a 1%. A primeira projeção havia sido estabelecida antes do plano de resgate internacional e da adoção de novas medidas de austeridade.

O banco central prevê uma recuperação da economia em 2012, com um aumento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2,3%.

O orçamento irlandês para 2011 representa um esforço de economia de seis bilhões de euros, o mais rigoros da história do país, e constitui a principal contrapartida ao plano de resgate de US$ 85 bilhões da UE (União Europeia) e do FMI (Fundo Monetário Internacional).

A Irlanda enfrenta um deficit público, de 32% do PIB (Produto Interno Bruto) previsto para 2010, e seu sistema bancário se viu à beira do abismo com a crise financeira mundial e a explosão da bolha imobiliária no país.

Dublin se tornou assim o segundo governo da zona do euro que pede a ajuda dos sócios e do FMI, depois que Atenas recebeu um auxílio de 110 bilhões de euros em maio.

MEDIDAS

O governo da Irlanda anunciou em 24 de novembro um pacote de austeridade para os próximos quatro anos. A ideia é convencer o mundo de que irá mesmo atacar seu deficit público e honrar as dívidas.

O pacote é também uma exigência do FMI e da União Europeia para conceder o empréstimo para o país organizar seu caixa.

Para o irlandês, serão quatro anos difíceis. O governo vai cortar 24.750 pessoas do serviço público (7% do total), reduzir o salário mínimo e aumentar a idade mínima para a aposentadoria.

Além disso, vai aumentar o imposto sobre o consumo, criar um novo sobre os imóveis e cobrar Imposto de Renda de mais pessoas.

Hoje, está isento do IR aquele que ganha até 18.300 por ano (R$ 42,5 mil). Com o pacote, passa a ser tributado quem recebe 15.300 (R$ 35,5 mil). O total de isentos (45% dos trabalhadores) cairá para 35%.

Também haverá cortes de benefícios e de gastos com saúde e educação.

CRISE EUROPEIA

Em novembro, a Irlanda tornou-se o segundo país (o primeiro foi a Grécia, em maio de 2010) da zona do euro a receber socorro para estancar o rombo nas contas públicas.

Há ainda expectativas negativas em relação à Espanha e Portugal, o que traz ao cenário uma grande possibilidade de contágio econômico maior na zona do euro. A crise desses quatro países, conhecidos como Pigs (pela inicial de seus nomes em inglês e em oposição às economia emergentes do Bric), têm como origem o descontrole do setor financeiro e a falta de fiscalização dos bancos. 

Basicamente, o rombo estatal é derivado da ajuda a grandes bancos e de bolhas imobiliárias. A Hungria também está com sérios problemas econômicos, mas não integra a zona do euro (não usa o euro como moeda), como a Grécia e Irlanda e mais 14 países da Europa. Folha Online