O italiano Alberto Torregiani, vítima de um dos atentados atribuídos a Cesare Battisti, confirmou nesta terça-feira (4) sua participação em uma coletiva de imprensa sobre o caso do ex-ativista de extrema-esquerda, que deverá ser organizada em Bruxelas ainda este mês.
"Nós, como familiares das vítimas, adotamos uma linha que é aquela de contar a verdade. Estamos convencidos de que não há outro modo, senão relatar os fatos", argumentou Torregiani, que ficou paraplégico e perdeu o pai, Pierluigi, em um dos crimes pelos quais Battisti é condenado à prisão perpétua na Itália.
"A coletiva de imprensa é a melhor condição para falar e explicar às pessoas onde está a verdade, que espera que a justiça possa ser aplicada", completou o homem, após ter conversado com o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, por cerca de 25 minutos.
O evento, que terá por objetivo falar e explicar a versão italiana sobre o tema, foi proposto por Berlusconi, segundo ele próprio informou mais cedo.
"Propus ao senhor Torregiani que vá a Bruxelas na terceira semana de janeiro, onde, com o Partido Popular Europeu [a maior força conservadora no Parlamento Europeu], organizaremos uma coletiva para falar sobre a realidade dos fatos e chegar até a Corte [Internacional] de Justiça de Haia", afirmou o chefe de governo.
O encontro com Torregiani antecedeu a série de protestos organizados na Itália contra a decisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de não extraditar Battisti, anunciada no último dia de sua gestão e que gerou um mal-estar diplomático.
Partidos políticos de centro, esquerda e direita, junto a agremiações estudantes, realizam nesta tarde mobilizações em frente à Embaixada do Brasil em Roma e aos consulados brasileiros em outras cidades, como Milão e Nápoles.
A Chancelaria italiana também estuda os próximos passos jurídicos para recorrer do parecer, além de avaliar apresentar um processo à Corte de Haia e levar o caso ao âmbito da UE (União Europeia).
Foragido de seu país desde 1981, Cesare Battisti foi detido em 2007 no Brasil e aguarda a conclusão do processo na penitenciária da Papuda, em Brasília. Folha Online
