quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Novo Congresso assume nos EUA; oposição passa a controlar Câmara

Um novo Congresso dos Estados Unidos tomou posse nesta quarta-feira, cerca de dois meses depois de o presidente Barack Obama ter sofrido uma importante derrota nas urnas, perdendo a maioria na Câmara dos Representantes (deputados federais).
Esta será a primeira vez em mais de quatro anos que os oposicionistas do Partido Republicano assumem o controle da Câmara. No Senado, os democratas, do partido de Obama, mantêm uma maioria apertada.
Nesta 112ª legislatura em Washington, a presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, passou o cargo para John Boehner, um republicano do Estado americano de Ohio.
Segundo o correspondente da BBC em Washington Paul Adams, a posse dos novos parlamentares sinaliza um período de dificuldades para Obama no Congresso, já que os republicanos saíram fortalecidos das últimas eleições e prometem prejudicar propostas de reforma defendidas pelo presidente.
“Nós não podemos ignorar mais nosso problemas. Os eleitores votaram a favor de mudar as coisas, e hoje nós começamos a obedecer suas instruções”, disse Boehner, em discurso ao ser empossado no cargo.
Saúde e gastos
Já na próxima semana, os republicanos pretendem lançar o que está sendo visto como uma medida simbólica para reverter a reforma do sistema de saúde dos Estados Unidos, considerada uma das principais mudanças implementadas pelo governo Obama desde a posse do presidente, em 2009.
A expectativa é de que a mudança seja aprovada na Câmara dos Representantes, mas não no Senado.
Os líderes republicanos também prometerem reduzir os gastos do governo em até US$ 100 bilhões, modificar as leis tributárias, apertar o cerco contra imigrantes ilegais e investigar atos do governo.
O Partido Republicano conseguiu o controle do Congresso americano em novembro, depois das eleições legislativas de novembro graças, em parte, à popularidade do movimento conservador Tea Party, surgido em 2009.
O movimento – que não é um partido político – reúne centenas de grupos conservadores espalhados pelos Estados Unidos e prega a redução dos gastos do governo e da presença do Estado na economia, além de se opor a praticamente todas as políticas do governo Obama.
Em uma entrevista durante o voo de volta a Washington, depois de suas férias no Havaí, o presidente Obama afirmou que espera que os republicanos reconheçam as obrigações do governo.
"Estou confiante de que eles vão reconhecer que nosso trabalho é governar e garantir que estamos entregando empregos para o povo americano e que estamos criando uma economia competitiva para o século 21, não apenas para esta geração, mas para a próxima", disse.
No entanto, AB Stoddar, colunista do jornal especializado americanoThe Hill, disse à BBC que os republicanos não deverão colaborar com o governo, como espera Obama.
"Temos uma disposição diferente em um Congresso controlado, no lado da Câmara dos Representantes, por republicanos, bem mais conservadores, (com) novos políticos, apoiados pelo Tea Party".
"Eles não parecem dispostos a ajudar o presidente Obama e os democratas em nenhuma de suas iniciativas, então a dinâmica vai mudar dramaticamente", acrescentou.
Gibbs
Também nesta quarta-feira, Robert Gibbs, o porta-voz de Obama, anunciou que deve deixar o cargo no próximo mês.
O porta-voz indicou que pretende continuar trabalhando com o presidente como assessor político e se dedicar à campanha de reeleição de Obama, em 2012.
A saída de Gibbs se soma a de outros importantes assessores do presidente americano que já deixaram ou devem deixar os cargos nos próximos meses.
O presidente já perdeu, entre outros, seu chefe de gabinete, Rahm Emmanuel – que pretende se candidatar a prefeito de Chicago em 2011 -, e Larry Summers, diretor do Conselho Nacional Econômico e um dos principais assessores de Obama na área econômica.
Ainda nos próximos meses, deve deixar o governo também o conselheiro político David Axelrod, que irá se dedicar à campanha de reeleição de Obama. BBC Brasil