Um tribunal dinamarquês condenou um somali a nove anos de prisão nesta sexta-feira depois de considerá-lo culpado por tentativa de terrorismo e de assassinato pelo ataque a um chargista que desenhou uma caricatura do profeta Maomé.
"Mohammed Geele foi condenado a nove anos de prisão e será expulso definitivamente da Dinamarca" depois de concluir sua sentença, informou a juíza Ingrid Thorsboe, do tribunal localizado no centro da cidade de Aarhus.
O somali de 29 anos "também precisa pagar uma multa de US$ 1.830 para Kurt Westergaard, assim como cobrir os custos do julgamento", completou.
O tribunal considerou Geele culpado por tentativa de assassinato contra o cartunista de 75 anos.
Os promotores pediram 12 anos de prisão e deportação, além de proibição de retornar à Dinamarca, enquanto a defesa pediu apenas seis anos de prisão e que ele não fosse obrigado a sair do país.
WesterGaard, que atualmente tem 75 anos, foi ameaçado de morte várias vezes desde que seu jornal, "Jyllands-Posten", publicou, em 30 de setembro de 2005, uma caricatura satírica representando o profeta Maomé --líder da religião islâmica-- vestido com um turbante em forma de bomba com o pavio aceso.
EPISÓDIO
O episódio ocorreu na noite de 1º de janeiro de 2010, quando o somali, que viajara naquele dia de trem desde Copenhague, entrou na casa do caricaturista em Viby, nas proximidades de Aarhus.
Alarmado com o ruído, Westergaard --que estava cuidando da sua neta de 5 anos-- refugiou-se em um banheiro que converteu em bunker de segurança e, dali, chamou a polícia, enquanto o somali tentava abrir a porta a machadadas.
A polícia chegou poucos minutos depois, e o agressor ainda atacou um dos agentes, que responderam com tiros e feriram uma perna e uma mão do somali.
As caricaturas dinamarquesas, entre elas a de Westergaard, provocaram meses depois fortes protestos no mundo islâmico, com distúrbios em vários países nos quais morreram cerca de 150 pessoas, além de um boicote a produtos dinamarqueses. Folha Online