quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Concorrência chinesa afeta 25% das empresas brasileiras

A concorrência com produtos chineses afeta uma em quatro empresas industriais brasileiras. E dentre as empresas expostas à concorrência chinesa, uma parcela de 45% perdeu participação no mercado interno.

As conclusões acima fazem parte de pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria), com base nas respostas de 1.529 empresas, de grande, médio e pequeno porte, entre os dias 4 e 19 de outubro do ano passado. Os resultados foram publicados somente hoje.

A pesquisa mostra ainda que a concorrência chinesa também determinou a perda de mercado externo. Dentre as empresas exportadoras consultadas, mais da metade (52%) concorre com os produtos asiáticos, e nesse grupo, 67% perderam clientes externos.

No caso do mercado doméstico, os efeitos dessa concorrência foram mais sentidos em quatro setores: produtos de metal, couros, calçados e têxteis. Enquanto no caso do mercado externo, a perda de clientes foi mais intensa nos setores têxteis, de máquinas e equipamentos, além de produtos de metal, bem como o setor calçadista.

O gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, explica essas perdas de mercado principalmente ao fenômeno da valorização cambial. "Há fatores de competitividade bem mais favoráveis para a China, como custo salarial menor, juros mais baixos, infraestrutura mais eficiente, escala de produção muito maior, menores barreiras burocráticas, mas o fator mais relevante é o câmbio", afirmou, no relatório.

FORNECEDOR

O estudo da CNI aponta ainda que a China é um importante fornecedor de insumos e matérias-primas brasileiras, e que ganhou cada vez mais espaço nos últimos anos.

Em 2006, ano da pesquisa anterior sobre o mesmo tema, apenas 11% das empresas consultadas importavam matérias-primas da China e parcelas ainda menores compravam produtos finais ou equipamentos. No ano passado, 21% das empresas consultadas adquiriram matérias-primas chinesas e quase 10% importavam itens manufaturados além de máquinas e equipamentos.

A perspectiva é a de que o gigante asiático ganhe ainda mais importância como fornecedor das empresas brasileiras. Dentre os atuais importadores de produtos chineses, cerca de um terço afirmou que pretende aumentar suas compras nos próximos seis meses. Folha Online