No dia seguinte ao cassino, fui tentar comprar uma arma. O intuito era descobrir: afinal, é fácil mesmo comprar uma pistola nos EUA?
A loja fica num gigantesco galpão, numa estrada cercada por picos nevados. Na entrada, um cartaz anunciava aulas de tiro para mulheres (US$ 150 dólares) e, passada a porta, um vendedor com uma estrela de xerife no peito cuidava de uma "chapelaria": "por favor, deixe sua arma aqui", dizia o aviso.
Um homem cuidava de uma mesa repleta de folhetos, tentando arrecadar fundos e novos membros para a Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), poderoso grupo de defesa do porte de armas.
"Quero comprar uma arma", disse.
"Você mora em Nevada?", perguntou Ray, um vendedor. Menti que sim, já que é proibido transportar armas de um Estado para o outro.
O vendedor tirou da vitrine um revólver de US$ 300. Peguei na mão e dei de cara com um "Made in Brazil". Era um Taurus 38.
"Só vou precisar da sua carteira de motorista. É de Nevada, certo?", disse Ray. Respondi que minha carteira ainda era da Califórnia. Comprovantes de residência de quatro meses atrás também eram aceitos. Não comprei a arma. Folha Online