sábado, 12 de março de 2011

Carnaval: A falta que Joãosinho faz


José Luiz Teixeira
De São Paulo

Faltou paciência para assistir aos desfiles das escolas de samba pela televisão neste Carnaval; tanto o de São Paulo, quanto do Rio de Janeiro.
Pelo pouco que vi das transmissões da Rede Globo, deu para perceber que este ano não houve nada de novo no front das escolas de samba.
Nenhum enredo mais criativo, nenhum samba empolgante e tampouco uma nova musa a desfilar seus atributos naturais para animar a vista cansada deste velho repórter.
Que saudades da noite em que a Beija-Flor de Joãosinho Trinta entrou na avenida com seus passistas esfarrapados com o tema "Ratos e Urubus... larguem a minha fantasia".
Ou de quando a Império Serrano contagiou o Brasil inteiro com o samba "Bum Bum Paticundum Prugurundum", levantando a torcida em um dos desfiles mais entusiasmados que já vi.
Inesquecível, também, quando Luma de Oliveira desfilou pela primeira vez como rainha da bateria da Caprichosos de Pilares, com os seios (e que seios!) à mostra, em uma exibição tamanha de sensualidade que só poderia ter o coração arrebatado, mesmo, pelo homem mais rico do Brasil.
As escolas de samba, ultimamente, não têm trazido nenhuma surpresa desse nível; parece que se limitaram a fazer bem o mesmo de sempre para não se comprometer e não perder pontos com os jurados.
Não surpreendeu, portanto, a vitória de duas agremiações - Beija Flor, no Rio, Vai-Vai, em São Paulo - que optaram pelo caminho mais fácil e seguro de homenagear personalidades, sem maiores inovações ou ousadias.
Assim, sem novos joãosinhos (com "s", mesmo), paticunduns e lumas, o Carnaval pela TV, que já não é tão animado, este ano foi modorrento.
Quem quiser animação deve assistir aos desfiles in loco, pois ali, ao lado do calor da bateria, dos componentes e das torcidas, o espetáculo chega a ser contagiante.
Já fui algumas vezes, anos atrás, ao sambódromo paulistano e me diverti bastante.
Agora, porém, com o peso da fantasia da idade e do jeito que chove em São Paulo, só se cobrirem o Anhembi.
José Luiz Teixeira é jornalista. Formado pela Faculdade Cásper Líbero, trabalhou em diversos órgãos de imprensa, entre os quais as rádios Gazeta, Tupi e BBC de Londres, e os jornais O Globo, Folha de S.Paulo e Folha da Tarde. Terra Magazine