terça-feira, 15 de março de 2011

Europa revisa medidas de segurança nuclear após alerta no Japão

Governos da Europa convocaram reuniões de emergência para rever seus projetos nucleares, após o terremoto seguido de tsunami ter causado explosões em uma usina nuclear no Japão.
Alemanha e Suíça suspenderam qualquer tomada de decisão sobre seus programas nucleares, e a Comissão Europeia realiza nesta terça-feira uma reunião de ministros e especialistas. Na Rússia, o presidente Vladimir Putin ordenou a abertura de uma investigação sobre o futuro do programa nuclear do país.
As medidas foram tomadas à luz do alerta para o risco de contaminação nuclear no Japão. O alerta foi detonado depois de uma usina nuclear na cidade de Fukushima ter sofrido três explosões em quatro dias, em decorrência do terremoto e do tsunami que atingiram o país na última semana.
A mais recente explosão ocorreu no reator de número 2 da usina de Fukushima Daiichi, 250 quilômetros a noroeste de Tóquio. Engenheiros tentavam estabilizar o reator 2, após dois outros terem explodido no local.
Milhares de pessoas teriam morrido após o terremoto de sexta-feira. Milhões de pessoas passam a quarta noite sem água, comida, eletricidade ou gás, e mais de 500 mil estão desabrigadas.
O especialista de BBC em Europa Chris Morris, em Bruxelas, diz que algumas das decisões sendo tomadas agora na Europa são políticas.
Na Alemanha, onde a chanceler Angela Merkel suspendeu um acordo para aumentar o tempo de vida de usinas nucleares do país, há eleições importantes no horizonte.
Dezenas de milhares de ativistas anti energia nuclear realizaram um protesto no fim de semana contra o plano de aumentar a vida útil dos reatores alemães. Em Stuttgart, manifestantes formaram um cordão humano de 45 quilômetros de extensão. O protesto já tinha sido planejado antes da tragédia no Japão, porque a energia nuclear é considerado um tema sensível para as eleições.
Na Suíça, o governo adiou decisões sobre a construção de novas usinas nucleares, e um ministro austríaco pediu que sejam realizados novos testes de segurança em reatores nucleares ao redor da Europa.
Medidas de segurança
A Àustria tem enorme preocupação com a segurança de usinas nucleares em países da antiga Cortina de Ferro em suas fronteiras, segundo Morris.
"Mas também há uma preocupação real, com as lições aprendidas após o terremoto japonês".
Merkel admitiu que, após o que aconteceu no Japão, não é possível voltar a "vida normal", disse ele.
"À medida que a Europa estuda como reduzir sua dependência de combustíveis fósseis, ganha força o debate no continente sobre encontrar o equilíbrio ideal entre energia nuclear e energia de fontes renováveis", afirma Morris.
"Não há dúvida de que os acontecimentos dos últimos dias ajudam pouco a indústria nuclear", acrescentou.
Na terça-feira, a Comissão Européia realiza uma reunião de ministros de Energia e especialistas em energia nuclear em Bruxelas, para tratar de questões de segurança.
A comissão afirma que a responsabilidade pela segurança da energia nuclear está em primeiro lugar com os Estados-membros. Mas com cerca de 150 reatores nucleares no continente, a comisão quer levar em conta os acontecimentos no Japão, e revisar as medidas de segurança.
O ministro de Energia do Reino Unido, Chris Huhne, disse que é preciso aprender lições e que isso deve incluir muito mais cautela em relação à localização das usinas.
"Sinceraamente, há enormes diferenças, mas temos que aprender tudo o que pudermos com a experiência japonesa, para saber se houve alguma falha humana, alguma falha de regulamentação, se há qualquer coisa que possamos aprender, porque a segurança é nossa preocupação número um", disse ele à BBC. BBC Brasil