quinta-feira, 31 de março de 2011

Exército abole comemoração do golpe de 64, mas clubes militares prestam homenagem à data

RIO - O aniversário do golpe Militar de 31 de março de 1964, pela primeira vez, desde 1965, não fez parte do calendário de comemorações do Exército. Os clubes militares, no entanto, saudaram os 47 anos da tomada do poder em um comunicado conjunto, informando que as "Forças Armadas Brasileiras insurgiram-se contra um estado de coisas patrocinado e incentivado pelo governo, no qual se identificava o inequívoco propósito de estabelecer no país um regime ditatorial comunista".

Assinaram o documento o presidente do Clube Militar, general Tibau da Costa, o presidente do Clube Naval, almirante Veiga Cabral, e o presidente do Clube de Aeronáutica, tenente brigadeiro Carlos de Almeida Baptista.

Até novembro de 2010, a comemoração ainda constava do portal do Exército na internet. Mas as Forças Armadas decidiram aboli-la. 

Os clubes militares, porém, não seguiram na mesma direção e homenagearam, nesta quinta, os oficiais que realizaram o golpe.

Para o historiador da Universidade Federal de São Carlos, Marco Antonio Villa, o fim da comemoração por parte do Exército é saudável, pois reforça o compromisso das Forças Armadas com a democracia.

- É importante acabar (com a comemoração) porque comemorar qualquer data que represente um golpe não é saudável. Todas essas comemorações eram e ainda são feitas com uma liguagem anticomunista, própria de um mundo que viveu a Guerra Fria. Hoje, temos que comemorar outras datas. Depois da Constituição de 1988, do regime democrático, não faz sentido. E demorou para essa mudança acontecer, o que nos diz muito sobre como andam as coisas no Brasil, muito lentamente - disse ele.

Referindo-se à "baderna"do governo de João Goulart, o documento dos oficiais da reserva dos clubes militares prestam homenagem aos oficiais que combateram o comunismo.

"Os clubes militares, parte integrante da reação demandada pelo povo brasileiro em 1964, homenageiam, nesta data, os integrantes das Forças Armadas da época que, com sua pronta ação, impediram a tomada do poder e sua entrega a um regime ditatorial indesejado pela Nação Brasileira", diz o comunicado. O Globo