quinta-feira, 31 de março de 2011

Portugal revisa o deficit público para 8,6% do PIB

O governo de Portugal divulgou nesta quinta-feira uma revisão do deficit público do país no ano passado para 8,6% do PIB (Produto Interno Bruto).

Com isso, o país ultrapassou a meta do deficit que era de 7,3% do PIB para o ano passado.

Desde a piora da crise, na última quarta-feira, analistas lançaram suspeitas de que Portugal estaria subestimando suas contas públicas para esconder o tamanho do rombo financeiro.

O deficit público que havia sido divulgado pelo INE (Instituto Nacional de Estatísticas) de Portugal era de 6,8% do PIB.

Segundo o periódico português "Jornal de Notícias", o INE explicou que o Eurostat instituto de estatísticas da zona do euro fez alterações na metodoligia portugeusa e, com essas mudanças o deficit cresceu 1,8%.

Ainda de acordo com o jornal, as mudanças na metodologia foram a incorporação das contas do Banco Português de Negócios nas contas nacionais, que aumentam o deficit em um ponto. Além disso, foram incorporadas empresas de transporte, que aumentaram o deficit em 0,5 ponto e do Banco Provado Português, em 0,3 ponto.

O deficit público nominal é o rombo nas contas do governo depois de pagar as despesas correntes, os investimentos e os juros da dívida pública.

O deficit público divulgado está acima da meta de 7,3% do PIB para o ano passado, o que aumenta a crise de confiança dos investidores em Portugal. O país já teve sua nota de risco rebaixada por todas as agências de classificação e paga os juros mais altos da história do euro na emissão de títulos públicos.

Os juros pagos nesta quinta-feira nos títulos de 10 anos do governo português subiram para 8,5% e nos papéis com vencimento em cinco anos, os juros foram para 9,3% ao ano.

Com a revisão, o governo português admitiu que a dívida pública é de 92,4% do PIB.

Com os juros altos, a principal dificuldade do governo é de financiar essa dívida elevada. Além do problema estrutural com elevado deficit e dívida, o país enfrenta uma crise de curto prazo porque tem vencimentos elevados de títulos concentrados em abril e junho.

Por isso, analistas acreditam que o governo não conseguirá se manter sem pedir ajuda financeira externa, do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Central Europeu. O Brasil também se propôs a socorrer Portugal, mas ainda não divulgou como será feita essa ajuda.

A piora na crise portuguesa ocorreu na quarta-feira da semana passada, quando o primeiro-ministro José Sócrates renunciou, colocando o país em um limbo político. O pedido de demissão de Sócrates foi consequência da derrota sofrida por ele no Parlamento, que vetou um pacote de ajuste fiscal contra a crise.

O presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva, convocou para esta quarta-feira uma reunião para marcar a data da nova eleição no país, que deve ocorrer até o início de junho.

A crise da dívida de Portugal já se alastrou para seus bancos, que também tiveram sua nota de risco rebaixadas pelas agências de classificação. Folha Online