No bairro da Onça, em Itápolis, a 353 km de São Paulo, nasceu e cresceu Claudovino Orival Possari, o Vino. Ele passou a vida assobiando, como diz a família, e teve um único emprego até se aposentar: foi funcionário do Banco Comercial do Estado, transformado depois em Itaú.
Filho de um lavrador (que trabalhou ainda como motorista de táxi) e de uma dona de casa, ele começou como contínuo no banco aos 18.
Segundo lembra a família, Vino conseguiu se formar em contabilidade e foi subindo aos poucos de cargo. Passou por Palmeira D'Oeste, Rio Preto e Santa Adélia, antes de acabar em Matão (SP) como gerente. Aposentou-se lá.
Era boêmio, brincalhão, participava de serestas e adorava dançar e cantar. O fato de estar sempre assobiando suas melodias favoritas garantiu a ele o apelido, entre os descendentes de italianos de Itápolis, de o "fischiatore", ou seja, o Assobiador.
Diz a irmã Lourdes que ele era a alegria personificada.
Em 1965, aos 30, casou-se com Maria Lúcia, 11 anos mais nova que ele. As mães dos dois eram amigas desde criança. Depois da união, continuava indo aos bailes, mas agora com a mulher.
A Matão o casal chegou já com os três filhos. Como eles cresceram e criaram raízes na cidade, quando Vino se aposentou, decidiu ficar por lá e não retornar a sua terra.
Fumava muito, como lembra a mulher. Na segunda, em decorrência de um AVC (acidente vascular cerebral), morreu aos 75 anos, deixando quatro netos. Foi enterrado em Itápolis, numa cerimônia em que os amigos cantaram suas músicas prediletas. Folha Online