Com 72,3% da urnas apuradas, a Oficina Nacional de Processos Eleitorais (ONPE) do Peru divulgou novos dados oficiais sobre a apuração de votos das eleições deste domingo que confirmam um segundo turno entre o nacionalista Ollanta Humala e a legisladora Keiko Fujimori, da coalizão Força 2011.
De acordo com os novos números, Humala ficou com 29,2% dos votos, enquanto Fujimori ficou com 22,8 % e 21 % foram para o ex-ministro da Economia Pedro Kuczynski, da Aliança pela Grande Mudança.
O ex-presidente Alejandro Toledo (2000-2006), da aliança Peru Possível, ficou com 15,1%, e o ex-prefeito de Lima Luis Castañeda, da Aliança Solidária Nacional, com 10%.
Humala, 48, promete redistribuir a renda no Peru e pediu neste domingo, após sua passagem para o segundo turno, a "união de todos aqueles que desejam uma grande transformação". Keiko, 35 --filha de Alberto Fujimori, condenado a 25 anos de prisão por violações contra os direitos humanos-- também reivindicou a passagem para o segundo turno. "Posso dizer, com tranquilidade, firmeza e alegria que estamos no segundo turno, queridos amigos", disse ela a seus seguidores.
Kuczynski, 72, um economista milionário, pediu cautela a seus seguidores, dizendo que irá aguardar o resultado final.
Já Toledo admitiu sua derrota, e disse que o Peru mostrou seu descontentamento com o "crescimento econômico sem uma verdadeira distribuição de renda".
MODELO CHÁVEZ
Humala -- que conta com amplo apoio no sul do país, onde se concentram os mais pobres-- prometeu convocar uma Assembleia Constituinte que instaure, entre outras medidas, a possibilidade de revogação de mandatos e a nacionalização de empresas, em um modelo que lembra o governo de Hugo Chávez, na Venezuela, e de outros países como a Bolívia, o Equador e a Nicarágua.
Durante a campanha, Humala --que participou de uma rebelião militar contra Fujimori-- se distanciou de Chávez, dizendo que não quer aplicar o mesmo modelo em seu país, e afirmando que o Brasil seria um "modelo a seguir".
O presidente peruano, Alan García, diz acreditar que qualquer que seja o resultado nas urnas, haverá uma "transição pacífica, ordenada e sistemática" para que o país "siga avançando".
Caso nenhum candidato consiga somar mais de 50% dos votos, como está previsto com a apuração de mais da metade das urnas, um novo pleito será realizado em junho deste ano.
SUICÍDIO OU MILAGRE
O escritor e Prêmio Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa afirmou nesta segunda-feira que o Peru tem duas opções: o suicídio ou o milagre, ao ser questionado sobre as eleições presidenciais de domingo em seu país.
Vargas Llosa, que foi candidato à presidência do Peru em 1990, disse que Humala é (o presidente venezuelano Hugo) "Chávez com uma linguagem abrasileirada; a catástrofe", segundo o jornal espanhol "La Vanguardia".
Sobre a segunda colocada, ele advertiu que "com Keiko (Fujimori), os criminosos e assassinos passariam da prisão ao governo".
Para ele, a situação política peruana é "insólita" para um observador da Europa, Vargas Llosa disse que no país "se enfrentam extrema-esquerda e extrema-direita, com um centro dividido em três partidos".
Depois de explicar que os candidatos de centro --Jorge Castañeda, Pedro Pablo Kuczynski e Alejandro Toledo-- "seguiriam com o modelo político, econômico e social que existe", o escritor disse acreditar que "os extremos" --Humala e Keiko-- são os que "colocam o sistema em perigo". Folha Online