sexta-feira, 29 de abril de 2011

Traficante do cartel Los Zetas matou 200 pessoas e narcojuvenil decaptou quatro mexicanos


Mais de 34 mil mexicanos já morreram na guerra às drogas iniciada em dezembro de 2006 pelo presidente mexicano Felipe Calderón.  Ainda mais: 70% das vítimas fatais eram cidadãos comuns e sem qualquer vinculação com práticas criminais.
Nesse cenário de violência endêmica, um dado chama a atenção dos analistas. Trata-se da grande arregimentação de menores de idade pelos poderosos cartéis.
Em dezembro passado, um narcojuvenil de 14 anos, apelidado “El Ponchis”, decaptou quatro pessoas e as cabeças ficaram expostas numa movimentada rodovia.
Hoje, um jovem killer do cartel Los Zetas, de 20 anos, confessou a autoria de 200 homicídios. A notícia foi dada pelo  subsecretário de Segurança Pública, Alejandro Poire.
Poire informou também sobre a exitosa captura dos 73 narcos que foram os autores de recente chacina consumada no estado de Taumalipas. Na ocasião foram executados 183 mexicanos e seus corpos colocados em dez covas rasas de um cemitério clandestino.
Diante da grande arregimentação de menores de 18 anos pelos cartéis, o presidente Felipe Calderón propõe reformas penais.
Ele quer mudar a legislação mexicana que estabelece não poder passar de três anos a pena de prisão imposta a menores de 18 anos.
PANO RÁPIDO. O presidente Calderón, cuja popularidade despenca, não sabe mais o que fazer. Ele errou, e não quer dar o braço a torcer, com a política militarizada de combate às drogas. E perde a guerra para os cartéis.
No campo legislativo e executivo, as medidas adotadas não surtiram o efeito de reduzir a violência. Por exemplo, uma lei especial liberou o uso de pequenas quantidades de drogas (droga free: 0,5 g de maconha, 0,5 g de cocaína, 0,05mg de heroína, 0,40 mg de anfetaminas). Calderón criou um arremedo de indústria bélica para a fabricação de veículos, armas e munições para enfrentar os cartéis. Por outro lado, para obter recursos financeiros chegou a passar, sem sucesso, o “pires” até no Japão. Tudo depois de Barack Obama fechar a torneira financeira, aberta pelo seu antecessor George W. Bush: confira-se Plano Mérida de retumbante fracasso.
Como Felipe Calderón não tem tempo para mudar a falida política de guerra às drogas nem quer reconhecer publicamente seu fracasso, e sofre diários sangramentos políticos. O seu mandato termina em 2012 e, caso tente a reeleição, enfrentará, segundo analistas, acachapante derrota.
Wálter Fanganiello Maierovitch | TERRA MAGAZINE