No lançamento da campanha Rio sem Homofobia, o governador Sérgio Cabral (PMDB) estimulou policiais civis e militares e bombeiros homossexuais a participarem uniformizados da próxima passeata gay no Estado. Autorizou até o uso de viaturas das corporações na manifestação.
"Da minha parte estão todos liberados para participar da passeata. Pode botar o carro do Corpo de Bombeiro, da polícia. Nenhum problema. Em Nova York é assim. Por quê? Porque o amor não deve ser razão para nenhum tipo de discriminação", disse Cabral, muito aplaudido por gays, lésbicas e travestis.
Entre as autoridades presentes estava a chefe da Polícia Civil do Estado, delegada Marta Rocha, saudada como "nossa grande rainha gay" pelo superintendente de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos e coordenador do programa Rio sem Homofobia, Cláudio Nascimento.
Cabral sugeriu que os policiais e bombeiros conversem com seus superiores sobre a participação nas paradas gays. "Vai no Mário Sérgio, vai na Marta Rocha, vai no Pedro Machado, fala com eles". O governador também citou o coronel Mário Sérgio de Brito Duarte, comandante-geral da Polícia Militar, e o coronel Pedro Machado, que comanda o Corpo de Bombeiros.
"Agora vai ter de cumprir", comentou um militante gay na plateia. Cabral disse ainda que a polícia "vai se reeducar" para atuar no combate à intolerância e violência contra homossexuais.
No discurso, Cabral saudou Nascimento como "um herói nacional". "O Cláudio fala com o coração, mas trabalha muito. Não é só aquele artista que solta a franga na passeata LGBT. Com todo respeito, João. No dia a dia, ele é um guerreiro", afirmou, dirigindo-se a João Alves, companheiro de Nascimento.
A campanha Rio sem Homofobia, do governo estadual, custou R$ 4 milhões. Haverá distribuição de cartazes e outdoors e veiculação de peças publicitárias de rádio e TV com o slogan Discriminação - Quando Você Não Participa, Não Vai Para Frente.
A senadora Marta Suplicy (PT-SP), relatora do projeto que criminaliza a homofobia, esteve no lançamento no Rio. "Enquanto o Legislativo se apequenou nos últimos 16 anos, o Judiciário avançou", disse, citando decisão do Supremo Tribunal Federal, que reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo. ESTADÃO