quarta-feira, 25 de maio de 2011

Demanda por transporte público cai 30% no país, aponta o Ipea

O brasileiro está usando cada vez menos transporte público, ao mesmo tempo em que cresce significativamente as vendas de carros e motos, ampliando o transporte individual.

A conclusão é de estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) sobre a mobilidade urbana no Brasil. Nele, constatou-se que a demanda do transporte público caiu 30% entre 1997 e 2007.

Já as vendas de carros cresceram 9% em média no período, e as de moto, quase 20%.

O levantamento concluiu que está cada vez mais caro recorrer a ônibus, metrô e trens nas grandes cidades. As tarifas de ônibus urbanos, por exemplo, subiram 60% acima da inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) desde 1995.

Os ônibus respondem pela maior fatia do transporte públicos nas grandes cidades, e direcionam os preços das tarifas de outros modais de transporte.

"A situação só vai se deteriorando. A tendência é aumentar o transporte individual, até porque há políticas de estímulo à compra de carros e motos. Há aumento de crédito e renda. Se não houver políticas para estimular e melhorar o transporte público, com investimento da infraestrutura urbana, barateamento de tarifas, as cidades se tornarão inviáveis", alertou o pesquisador do Ipea, Carlos Henrique Ribeiro.

A queda da demanda é puxada pela menor frequência nos ônibus urbanos, cuja demanda teve redução pouco superior a 30%.

Por outro lado, aumenta significativamente o uso de metrô e trem nas principais metrópoles. Ribeiro esclarece que, comparado à demanda dos ônibus, a circulação dos modais sobre trilhos ainda tem pouca influência no resultado geral.

No metrô, houve aumento de 54,6% da demanda nos últimos dez anos. Em igual período, a malha cresceu 26%.

Nos trens, o número de passageiros avançou 150%, ao mesmo tempo em que a malha subiu apenas 8%.

"Qualquer investimento que se faça em trilhos tem resposta rápida, pela má situação do transporte público no país. Outro fator é o crescimento das periferias, que impulsiona esses transportes", completou Ribeiro.

FOLHA