Para protestar por melhores salários e condições de trabalho, delegados de Minas Gerais decidiram colar adesivos nos inquéritos que enviam à Justiça com dizeres como "Inquérito presidido pelo delegado que recebe o pior salário do país".
O sindicato da categoria admite, no entanto, que os mineiros recebem pouco mais do que os colegas paraenses. "Mas o custo de vida em Minas é muito mais alto do que no Pará. Isso nos coloca em último", diz Ronaldo Cardoso, diretor tesoureiro do Sindicato dos Delegados.
Com um salário-base de R$ 5.714,35, os delegados mineiros recebem quase R$ 10 mil a menos do que os do Distrito Federal, que têm o rendimento mais alto do país. Eles pedem a equiparação salarial com os defensores públicos estaduais, que ganham R$ 8.000.
Há duas semanas, os delegados do Estado estão fazendo uma espécie de operação padrão, trabalhando somente as 40 horas semanais previstas em contrato.
Segundo o sindicato, metade dos 900 profissionais cumprem jornadas acima de 70 horas semanais, sem pagamento de hora extra.
A categoria protesta ainda contra a falta de condições de trabalho nas delegacias: 60% das unidades do Estado não têm delegado fixo, segundo o sindicato.
José Frederico da Silva, chefe da delegacia de Janaúba (a 554 km de Belo Horizonte), por exemplo, é responsável por 15 outras cidades da região. "E trabalhamos em um prédio velho, com problemas hidráulicos e elétricos. É difícil", afirma.
Os demais policiais civis do Estado iniciaram uma paralisação na última terça-feira e também reivindicam melhores salários e condições de trabalho. A Polícia Civil vai liderar as negociações, que ainda não começaram.
Em assembleia na quarta-feira, policiais militares e bombeiros do Estado decidiram esperar até o dia 25, quando devem se reunir com o governo de Minas, antes de decidir por uma eventual paralisação. FOLHA