A Sony precisa afirmar seu controle sobre a Sony Ericsson caso deseje que a joint-venture de celulares recupere mercado e relevância no mundo dos aparelhos móveis, onde a concorrência é mortífera.
No ano passado, a joint-venture criada dez anos atrás adotou a ambiciosa meta de capturar o mercado da plataforma Google Android, o software mais popular do mundo para smartphones, a fim de conquistar retorno favorável em um mercado lucrativo e de rápido crescimento.
Mas, para atingir essa meta, a Sony Ericsson precisa de um proprietário dinâmico, com fortes recursos de investimento e ativos multimídia. A marca está perdendo prestígio em comparação com a Apple, cujos iPhones e iPads conquistaram a admiração dos compradores.
Se a Sony assumir controle pleno da joint-venture com a sueca Ericsson, poderá reforçar sua linha mais ampla de produtos --que incluem conteúdo, aparelhos de videogame, bens de consumo eletrônicos e até mesmo computadores tablet, mas ainda não smartphones.
"A Sony não pareceu inclinada a esse tipo de ação até o momento, mas agora essa questão da linha completa está atraindo muita atenção, e a Sony pode estar considerando a Apple como exemplo e imaginando que precisa apresentar oferta semelhante", disse Carolina Milanesi, analista do Gartner Group.
A joint-venture igualitária entre Sony e Ericsson, formada em 2001, prosperou inicialmente com os celulares musicais Walkman e os celulares fotográficos Cybershot, que aproveitavam outras marcas da Sony.
Mas a aliança terminou perdendo para rivais mais enxutas nos modelos mais baratos, e sua fatia do mercado total de celulares caiu a apenas 3%, ante 9% em seu período de pico.
Agora a Sony Ericsson deposita suas esperanças em mudar o foco para smartphones, a parte do mercado de telefones móveis que cresce mais rápido, especialmente os aparelhos com Android.
A companhia vem conseguindo algum progresso e apresentou lucro líquido de € 90 milhões no ano passado, depois do prejuízo de € 836 milhões sofrido em 2009.
Para ter novos clientes, a Sony Ericsson precisa acessar o conteúdo popular da Sony. Isso inclui PlayStation, catálogo de músicas que inclui artistas como Justin Timberlake e Bob Dylan, e filmes e programas de TV como "Seinfeld".
A companhia deu passos nessa direção e lançou o modelo Xperia Play, que dá acesso a jogos do PlayStation.
Mas o aparelho veio tarde e com preço alto e está sendo minado pela própria Sony, que está lançando outros produtos que competem diretamente com ele.
A Sony recentemente lançou um computador tablet com o sistema Android, bem como um aparelho de jogos portátil com sua própria marca. A empresa também pretende licenciar o PlayStation para outros fabricantes de celulares.
"Ter todas as coisas sob um mesmo controle tornaria mais fácil para eles construir uma estratégia de rede", disse Nobuo Kurahashi, analista da Mizuo Investors Securities.
Mas não será fácil, com a Sony distraída com outras dores de cabeça. Nesta semana, a companhia informou que vai ter um prejuízo líquido para o ano fiscal encerrado em março de US$ 3,2 bilhões por causa dos efeitos do terremoto japonês de março.
"Dada a enormidade dos atuais desafios da Sony, uma busca pelo controle da Sony Ericsson parece improvável no curto prazo", disse Geoff Blaber, analista da CCS Insight.
FOLHA