O presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), Fernando Furlan, diz que a possibilidade de que a empresa resultante da junção das operações do Grupo Pão de Açúcar e do Carrefour responda por 27% do mercado varejista do país é "um claro indício de que há concentração", informa reportagem de Mônica Bergamo para a Folha.
"A gente começa a se preocupar". Ele afirma que, quando a concentração ultrapassa 20%, o Cade considera que há potencial anticompetitivo.
O percentual é um sinal. Mas não será, diz ele, determinante na análise que o órgão terá que efetuar caso o negócio seja fechado.
Os acionistas do Grupo Pão de Açúcar e dos franceses Carrefour e Casino terão até dois meses para analisar a operação que daria origem à empresa NPA (sigla para Novo Pão de Açúcar).
"Todos poderão avaliar, não é uma proposta hostil", ressaltou Carlos Fonseca, sócio do BTG Pactual.
"É uma proposta na qual achamos que o resultado gera um valor enorme para as duas empresas. Estamos fazendo a proposta por 60 dias, prazo que a gente acha suficiente para que seja analisado", disse Pércio de Souza, sócio da consultoria Estáter, trazida para a operação por já estar em contato com o empresário Abilio Diniz.
A nova empresa vai repartir o Pão de Açúcar com o grupo francês Carrefour, na base de 50%-50%. O NPA, por sua vez, terá 100% da filial brasileira do grupo Carrefour.
Também por meio dessa reestruturação societária, o NPA terá 11,7% do grupo Carrefour no mundo, o segundo maior varejista global, tornando-se assim seu maior acionista, segundo Souza.
FOLHA