O ex-general dos sérvios da Bósnia Ratko Mladic afirmou nesta sexta-feira que não matou os croatas em um ato de genocídio e sim em defesa ao seu povo e seu país. Mladic é acusado, entre outros crimes, pela morte de 8.000 homens e meninos muçulmanos em Srebrenica.
"Defendi meu povo e meu país, não Ratko Mladic", disse. "Não matei croatas por serem croatas. Estava apenas defendendo meu país", disse Mladic, que se recusou a se declarar culpado e inocente no Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia e obrigou o juiz a marcar nova audiência em 4 de julho.
Mladic, 69, foi preso em 26 de maio passado depois de mais de 15 anos foragido. Ele foi extraditado a Haia, na Holanda, para enfrentar 11 acusações no TPI, entre elas genocídio, extermínio, assassinato, deportação, atos desumanos, atos de violência, ataques ilegais e sequestro, crimes contra a humanidade e crimes de guerra.
"Preciso de mais tempo para pensar em tudo que se acaba de dizer", disse, ao se recusar a fazer a declaração de inocência ou culpa. "Gostaria de ler e receber as acusações odiosas que pesam contra mim. Quero ler com meu advogado. Preciso de mais de um mês para avaliar as alegações monstruosas que nunca havia escutado antes".
O ex-general disse ainda que é um "homem muito doente". Sua defesa apelou para seu estado de saúde para tentar evitar a extradição e deve usar o mesmo argumento para adiar ou impedir o julgamento.
Na véspera, seu advogado disse ter um documento provando que o suspeito de crimes de guerra está enfrentando um câncer linfático e que foi tratado em um hospital da Sérvia em 2009. O ministro de Defesa da Sérvia, Dragan Sutanovac, acusou o advogado de "manipular o público" e disse estar cético sobre a doença do ex-general.
Mladic, que liderou o Exército sérvio-bósnio durante a Guerra da Bósnia (1992-95), responde pelo massacre de Srebrenica (1995) e o cerco de 43 meses a Sarajevo, a capital da Bósnia. Se condenado, Mladic pode receber sentença de prisão perpétua, uma vez que não existe pena de morte.
FOLHA