Os indígenas da etnia yanomami deixaram de receber qualquer atendimento de saúde, incluindo remédios e alimentos, e remoção de doentes devido à suspensão de voos às suas aldeias.
A empresa Roraima Táxi Aéreo, que presta serviço para o Ministério da Saúde, suspendeu os voos desde que uma aeronave modelo PTONB foi retida na última segunda-feira (30) em uma aldeia localizada à margem do rio Demini, na região do município de Barcelos (AM).
O piloto Tássio Souza permanece na aldeia, junto com profissionais de saúde.
A condição para soltar o piloto e liberar a aeronave é a confirmação de uma audiência solicitada nesta quarta-feira (1º) ao ministro da saúde, Alexandre Padilha.
Segundo Dário Kopenawa, filho de Davi Kopenawa, uma das mais importantes lideranças indígenas do país, ainda não houve resposta do gabinete de Alexandre Padilha para o pedido.
Um dos motivos da retenção do avião é a recusa dos indígenas em aceitar a nomeação de Andréia Maia Oliveira para o Distrito Sanitário Especial de Saúde Indígena Yanomami e Yekuana (DSEI-Y).
Conforme Kopenawa, Andréia é uma indicação política do senador Romero Jucá (PMDB).
Resgate
Antônio Ailton da Silva, coordenador da Hutukara Associação Yanomami, sediada em Boa Vista (RR) disse que uma eventual tentativa de retirada do avião da aldeia pela Polícia Federal pode resultar em confronto com os indígenas.
“Eles falaram, por radiofonia, que não vão aceitar a retirada do avião”, disse Silva, ao portal acritica.com.
O coordenador disse que indígenas das 37 regiões yanomami (formada por 200 aldeias nos Estados do Amazonas e Roraima) avisaram, também por radiofonia, que outro avião que, porventura, pousar na área também poderá ficar retido.
Resgate
Um piloto da Roraima Táxi Aéreo ouvido pela reportagem doacritica.com disse que a Polícia Federal já está com um helicóptero pronto para efetuar o resgate de Tássio Souza da aldeia no rio Demini, além da aeronave.
Segundo ele, o helicóptero com os agentes está em uma localidade chamada Surucucu, a 40 minutos da aldeia onde está o avião.
Conforme o piloto, a empresa decidiu suspender os voos nas aldeias yanomami por causa da insegurança.
A reportagem não conseguiu falar com a superintendência da Polícia Federal em Roraima.
Um agente que atendeu o telefone disse que o assessor de imprensa trabalha apenas até às 14h.
Até o momento, ainda não há posicionamento oficial por parte da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) nem Ministério da Saúde a respeito da situação.
A CRÍTICA