Desaparecido desde a tarde do último domingo, dia 29, o ajudante de pedreiro Walmir dos Santos Reis, 46, foi encontrado morto por volta de 22h30, de quarta-feira, em uma área de mato na Rua Agrestino, na comunidade Grande Vitória, bairro Zumbi, Zona Leste.
A vítima foi morta com seis tiros e teve alguns dedos da mão direita decepados. O corpo estava em avançado processo de decomposição quando foi retirado do local por funcionários do Instituto Médico-Legal (IML), ontem de manhã.
Familiares e vizinhos da vítima apontam policiais militares da Rondas Ostensivas Cândido Mariano (Rocam) e de uma Companhia Interativa Comunitária (Cicom), como suspeitos do assassinato de Walmir.
Eles não souberam identificar a que Cicom os policiais pertenciam. Até quarta-feira, dia 1°, a 4ª Cicom respondia pela área da comunidade Grande Vitória, e dos bairros Puraquequara, Armando Mendes e Colônia Antônio Aleixo, mas desde ontem a comunidade passou a ser responsabilidade da 9ª Cicom, que antes atuava apenas no bairro São José.
De acordo com testemunhas, Walmir estava tomando cerveja com amigos em um bar da rua Mossoró, na comunidade Grande Vitória mesmo, quando quatro viaturas da PM chegaram ao local atirando.
“Os policiais começaram a atirar em todo mundo. Todos saíram correndo e um dos tiros pegou nas costas de Walmir. Quando ele caiu no chão, os policiais o juntaram e o colocaram dentro de uma das viaturas. Ele sumiu desde então e ontem encontraram o corpo dele perto de uma bananeira”, disse uma testemunha que pediu para não ter seu nome divulgado por temer represálias dos envolvidos.
Investigadores da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), no bairro Tancredo Neves, Zona Leste, disseram que a mulher da vítima será chamada para depor. O objetivo é saber o motivo que a leva a acusar a PM do crime.
Um dos três filhos de Walmir, um adolescente de 15 anos, também estava na rua Mossoró na hora em que a PM chegou atirando e disse que o pai foi colocado dentro da viatura por policiais após ter sido baleado. Ele teria ido ao local para buscar o pai e levá-lo para casa. O jovem também deve ser chamado para depor.
“Eu ouvi sete tiros lá da minha casa e quando vim ver o que tinha acontecido, o pessoal daqui disse que tinha sido os policiais”, destaca a viúva da vítima Edizângela Gomes, 31.
Até a tarde desta quinta-feira (02), o corpo de Walmir ainda estava no IML, no bairro Cidade Nova, Zona Norte. De acordo com um laudo preliminar da Polícia Civil, as armas usadas no crime são de calibre 38 e PT.40, esta última é uma arma de uso exclusivo das Polícias civil, Militar e Rodoviária Federal.
Moradores do Grande Vitória ressaltaram que a ação da PM sempre foi truculenta na área.
“Eles chegam aqui quebrando portas das casas e sempre estão atrás de bandidos. O policial falou que aqui só mora bandido, mas nós podemos afirmar que existem pessoas de bem. Ninguém respeita os moradores. No último domingo eles atiraram em várias casas daqui”, disse uma mulher que não quis se identificar.
Polícia diz investigar o assassinato
O tenente-coronel Samuel Farias, que responde pela assessoria de comunicação da PM, disse que há informações extra-oficiais sobre o caso e que o comandante-geral da PM, coronel Almir David Barbosa, ordenou que todas as providências sejam tomadas.
“Um primo da vítima procurou a polícia. Sabemos que uma equipe estava trabalhando nessa área e começamos a levantar os dados. Tudo será apurado. Os familiares podem procurar Corregedoria da PM para formalizar a denúncia”, orientou, ontem, o oficial.
Este é o segundo caso de morte na semana em que policiais figuram como suspeitos. O cabo PM Paulo Silva de Holanda é suspeito de ter matado o ex-presidiário Paulo da Silva Freire, 25, no Município de Manaquiri (a 60 quilômetros de Manaus).
De acordo com a polícia, este crime aconteceu por conta de uma “rixa” entre os envolvidos. O PM, que teria sido ameaçado de morte pelo ex-detento, está foragido.
Nove tiros de pistola .40 e de revólver calibre 38 foram disparados na rua Mossoró, na comunidade Grande Vitória.
Seis dos nove tiros atingiram o corpo do ajudante de pedreiro e três atingiram três residências, onde é possível ver as marcas.
A CRÍTICA