sábado, 27 de agosto de 2011

Astrônomos flagram superburaco negro devorando estrela


Um grupo de astrônomos conseguiu flagrar pela primeira vez um buraco negro engolindo uma estrela.

Usando imagens do telescópio espacial Swift, que "enxerga" raios gama e raios X, cientistas puderam ver as coisas estranhas resultantes dessa refeição estelar, como um jato de partículas emitido quase na velocidade da luz.


A energia liberada pela estrela em agonia foi detectada pela primeira vez pelo Swift em 28 de março deste ano.

Cientistas que trabalham com dados do observatório foram todos alertados por um sistema que envia a eles um recado no telefone celular caso alguma coisa no céu passe a emitir muitos raios gama.

David Burrows, astrônomo da Universidade Estadual da Pensilvânia que liderou os trabalhos, disse que não se impressionou muito quando viu os primeiros dados, vindos de uma região próxima à constelação do Dragão.

"Conversei com alguns outros colegas por telefone, e estávamos achando que era um tipo mais comum de explosão de raios gama", disse o cientista à Folha.

"Um minuto depois de desligar o telefone, porém, recebemos outro alerta, indicando que uma outra explosão de raios gama teria ocorrido no mesmo lugar do céu".

Burrows explica que, normalmente, as explosões de raios gamas não se repetem no mesmo lugar. O Swift, porém, não parava de enxergar esses feixes de energia.

Enquanto a equipe do Swift debatia o problema, um grupo de astrônomos conseguiu apontar um telescópio que enxerga luz comum para a fonte de raios gama.

DE OUTRA GALÁXIA

Ashley Zauderer, do Centro Harvard-Smithsonian para Astrofísica, mediu a distância da fonte brilhante no céu, algo que não é possível fazer com raios gama. Mas a fonte das emissões não estava na nossa galáxia.

Era o núcleo de outra galáxia a 4,5 milhões de anos-luz de distância, algo estranho para uma fonte de energia que emitia mais raios gama do que todo o resto do céu.

"Um brilho tão forte vindo de tão longe só poderia estar sendo gerado por algo relacionado aos buracos negros que ficam no centro de galáxias", afirma Burrows.

Na edição de ontem da revista científica "Nature", os grupos de Burrows e Zauderer publicaram estudos separados sobre a descoberta.


Os cientistas usam teorias de astrofísica para pintar um cenário visual impressionante para o evento. O buraco negro que engoliu o astro fica no centro de sua galáxia e tem uma massa 

estimada em 1 milhão de vezes a do Sol.



"A face da estrela que está virada para o buraco negro sofre uma atração muito maior do que aquela que está do lado oposto, e então a estrela é esticada", afirma Burrows. O resultado é um disco orbitando o astro negro.


A temperatura do material aumenta, levando à emissão de raios X. É dessa maneira que o evento se torna visível aqui da Terra. Nisso, campos magnéticos se formam em um eixo perpendicular ao disco.

Como um ímã, o complexo em torno do buraco negro cospe partículas eletricamente carregadas e raios gama.

FOLHA