segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Bovespa fecha em alta após cinco sessões de perdas


O mercado brasileiro de ações encerrou a rodada de negócios com valorização pela primeira vez após cinco sessões consecutivas de perdas.

O índice Ibovespa avançou 0,97% no fechamento do pregão desta segunda, batendo a marca dos 53.747 pontos. O giro financeiro total da Bovespa foi de R$ 5 bilhões, abaixo da média deste mês (na casa dos R$ 6 bilhões/dia).

O dólar comercial foi negociado por R$ 1,822, em queda de 0,38%.

No front externo, as Bolsas europeias fecharam com ganhos de 0,44% (Londres) e 2,86% (Frankfurt), enquanto nos EUA, a Bolsa de Nova York subiu 2,53%.

Desde sexta-feira, pelo menos, uma parcela dos investidores vem mantendo a aposta de que as lideranças europeias, e os principais organismos internacionais, vão conseguir evitar "o pior": um "default" descontrolado da Grécia e as consequências desse evento para o sistema bancário do velho continente.

A grande discussão do dia foi o possível reforço ao fundo de estabilização europeu, e que poderia ter seu orçamento reforçado para até 2 trilhões de euros, conforme projeções divulgadas pela imprensa financeira internacional.

O chamado "Fesf" (na sigla em francês) poderia ser usado para comprar títulos de dívidas nacionais, principalmente de países fragilizados financeiramente, e que hoje precisam prometer juros muito altos (dentro dos padrões do velho continente) para encontrar tomadores dispostos a adquirir esses ativos.

Esses títulos soberanos são fonte de grande preocupação nos praças financeiras, já que as carteiras dos bancos europeus estão recheadas desses papéis.

"O mercado está acreditando que vai a situação vai se acomodar. Se o pior acontecer, todos vão perder. O problema é que ninguém ainda viu uma solução no horizonte", comenta Ivanor Torres, chefe da área de análise da Geral Investimentos.

O profissional chama a atenção para dois indicadores claros do nível de cautela dos investidores: primeiro, o fato de que o volume de negócios da Bolsa está bastante fraco ainda, e que boa parte das operações é de curtíssimo prazo (compra e venda no mesmo dia), num sinal do pouco fôlego para apostas de maior risco.

VOLATILIDADE

Economistas concordam que a volatilidade dos mercados pode se estender até outubro, pelo menos.

O motivo é que a Grécia continua no olho do furacão. O país mediterrâneo ainda negocia com o FMI e a União Europeia a liberação de novas parcelas do pacote de socorro financeiro acertado no ano passado, enquanto corre contra o relógio, para evitar um possível 'default' (suspensão de pagamentos).

É um fato conhecido que essa nação europeia deve ficar sem caixa para saldar seus compromissos financeiros no final do próximo mês. O calote já é visto como uma realidade por muitos especialistas, que já consideram a hipótese de um '"calote controlado", em que as perdas dos detentores de títulos gregos seriam amenizadas, de maneira a minimizar os danos do sistema financeiro europeu.

No final de semana, o ministro grego das finanças, Evangelos Venizelos, prometeu reduzir o deficit no orçamento público 'qualquer custo político'. Nos próximos dias, uma missão do FMI deve retornar a esse país para acompanhar o programa de ajuda ao país coordenado pela instituição e pela União Europeia.

E a chanceler alemã Angela Merkel afirmou que confia na avaliação do Fundo de que a dívida grega permanece sustentável. Em uma entrevista a um popular programa da TV alemã, a líder ainda afirmou um calote grego destruiria a confiança dos investidores na zona do euro.

"O que não podemos fazer é destruir a confiança de todos os investidores e termos uma situação onde eles possam dizer que se fizemos isso pela Grécia, faremos também pela Espanha, pela Bélgica ou qualquer outro país. Então, nenhuma pessoa colocaria dinheiro na Europa mais", afirmou, de acordo com a agência Reuters.

FOLHA