segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Na ONU, Cuba alerta contra intervenções na América Latina


O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, advertiu nesta segunda-feira diante da ONU (Organização das Nações Unidas) que o novo modelo de "mudança de regime" lançado pelos Estados Unidos e pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na Líbia pode afetar países da América Latina que não se submeterem aos interesses de Washington.

Em um discurso na 66ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, Rodríguez defendeu também a adesão à ONU de um Estado da Palestina e denunciou o bloqueio contra Cuba por parte dos Estados Unidos, reiterando a "disposição" de seu governo de "normalizar relações" com Washington.

"Os Estados Unidos e a Otan, supostamente para evitar um massacre, atacaram militarmente um Estado soberano, sem que este representasse nenhuma ameaça para a paz e a segurança internacionais, e desataram uma operação de 'mudança de regime'", afirmou Rodríguez, em referência à crise na Líbia.

"Agora todos compreendem melhor o que é e para que podem usar a 'responsabilidade de proteger'", completou o chanceler, em referência à resolução do Conselho de Segurança que autorizou os bombardeios contra as forças do regime do ex-ditador Muammar Gaddafi e que foi vital para que os rebeldes tomassem o poder em Trípoli.

Rodríguez assegurou que o "novo modelo de operações de 'mudança de regime' demonstra que as atuais doutrinas militares dos Estados Unidos e da Otan são ainda mais agressivas que as precedentes", e advertiu sobre o risco de que sejam aplicadas na América Latina.

"Os Estados Unidos e a Otan podem hoje garantir que o uso da força e esse conceito de 'mudança de regime' não seja aplicado nos países da América Latina e do Caribe que não se submeterem a seus interesses?", questionou.

Nesse sentido, citou como elementos que sustentam sua hipótese "a mobilização da 4ª Frota, o desenvolvimento de bases, forças e meios militares para intervir em qualquer ponto da região; o golpe de Estado contra a Venezuela em 2002 e logo em seguida o golpe petroleiro; a proposta de separação de Santa Cruz da Bolívia, o golpe militar em Honduras e a tentativa de golpe no Equador".

FOLHA