O Banco Central Europeu vai garantir que os bancos europeus tenham acesso a recursos para manter suas atividades por meio da oferta de empréstimos com prazo de 36 meses e um ano de carência, anunciou nesta quinta-feira a autoridade monetária. Anteriormente, o prazo máximo para operações desse tipo era de 12 meses.
Essa medida pode ser vista como uma extensão do plano anunciado no final de novembro, quando o Federal Reserve, o BCE e outros dos principais bancos centrais do mundo revelaram um plano para garantir a liquidez do sistema financeiro global, barateando o custo de empréstimos em dólares.
Em paralelo, a autoridade monetária também reduziu as exigências de capital dos bancos europeus (o "reserve ratio", a parcela dos depósitos que deve ser mantida em dinheiro) de 2% para 1%, o que libera recursos para as atividades dessas instituições financeiras. Além disso, vai ampliar o escopo de ativos financeiros que os bancos podem usar como garantias em suas operações com o BCE.
Devido à crise europeia, muitos bancos do Velho Continente já enfrentam problemas de saques e fuga de depósitos, bem como dificuldades para levantar dinheiro no mercado financeiro. Sem dinheiro para operar, os bancos podem paralisar suas operações de crédito para a "economia real", num fenômeno conhecido como "credito crunch", e que já foi visto na crise de 2008.
Mais cedo, o BCE já havia comunicado a redução da taxa básica de juros para a zona do euro - de 1,25% para 1% ao ano - o que tende a reduzir o custo de empréstimos a consumidores e empresas.
Essas medidas podem ser entendidas como uma reação das autoridades econômicas à ameaça iminente de recessão no continente.
Conforme as projeções econômicas divulgadas também hoje pelo BCE, a autoridade monetária trabalha com um crescimento na faixa de 1,5% e 1,7% para 2011 entre os países da zona do euro.
Para 2012, o BCE já admite a possibilidade de uma recessão (contração de 0,5%) ou um crescimento bastante baixo (1%), e antecipa uma recuperação lenta para 2013 (crescimento previsto entre 0,3% e 2,3%).
Draghi admitiu que os prognósticos do BCE sofreram uma revisão de tom bastante pessimista, em comparação com as projeções divulgadas em setembro.
"Essas revisões refletem principalmente o impacto sobre a demanda doméstica de um nível de confiança mais fraco e da piora das condições financeiras, decorrentes das incertezas relacionadas com a crise das dívidas soberanas, bem como revisões para pior da demanda externa", disse o titular do BCE, em um comunicado oficial divulgado logo após a decisão de política monetária.
FOLHA