sábado, 17 de dezembro de 2011

Mianmar prevê "paz perpétua" em três anos, diz ministro


O governo de Mianmar planeja acabar, em um prazo de três anos, com uma série de longos conflitos com etnias rebeldes e ordenou que as suas tropas interrompam ofensivas contra as milícias Kachin, informou o principal negociador de paz do país.

O governo está discutindo acordos de cessar-fogo com vários grupos étnicos armados e pode até anunciar os acertos em uma conferência especial no Parlamento, informou o ministro da Indústria e chefe do grupo que negocia a paz, Aung Thaung.

"Serão cerca de três anos para obtermos acordos de paz com todos os grupos étnicos armados", afirmou Aung Thaung a repórteres na sexta-feira.

Alcançar o cessar-fogo com os muitos grupos armados do país é uma exigência do Ocidente para a retirada de sanções contra Mianmar, e o governo tornou o projeto uma prioridade em meio a várias reformas lançadas nos últimos meses. Entre elas está a libertação de mais de 200 presos políticos.

Autoridades dos EUA afirmam que o processo de paz deve ser o principal desafio para os líderes civis, que querem reformar a Nação do Sudeste Asiático após cinco décadas de governo militar.

Aung Thaung afirmou que, até agora, acordos com dez grupos foram alcançados e que o presidente, Thein Sein, ordenou que os militares deixassem de enfrentar o Exército da Independência Kachin (Kia, na sigla em inglês), uma das maiores guerrilhas do país.

Entretanto, a luta com o Kia continua, de acordo com grupos de defesa dos direitos humanos e fontes da milícias Kachin, apesar das ordens dadas pelo presidente.

"Pode haver conflitos esporádicos em algumas regiões remotas, porque as tropas podem não ter recebido a instrução, devido à falta de um bom sistema de telecomunicações", afirmou Aung Thaung quando perguntado por que alguns soldados não respeitaram as ordens de Thein Sein.

A vencedora do Prêmio Nobel Aung San Suu Kyi, que planeja buscar a reeleição no próximo ano para um cargo vago no Parlamento, está pressionando pelo acordo de paz por anos e defende a autonomia, sob sistema federal, para pelo menos três grupos étnicos.

Ela pediu um "Segundo Acordo Pinlong" no último ano, quer seria a retomada de um plano esboçado em fevereiro de 1947 e apoiado pelo seu falecido pai e herói da independência, Aung San, mas abortado após o assassinato dele, cinco meses depois.

Thein Sem pleneja realizar uma conferência no Parlamento muito maior do que a Pinlong, afirmou Aung Thaung, com o objetivo de firmar todos os acordos de cessar-fogo e assegurar que os conflitos não voltem.

REUTERS/FOLHA