sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Presidente do PT usa frase de FHC para atacar PSDB

O PT transformou em munição contra o PSDB um comentário feito há dois dias por Fernando Henrique Cardoso, em Buenos Aires. Cogita inclusive citar o ex-presidente tucano num documento oficial.

Presidente do PT federal, Rui Falcão serviu-se da frase de FHC numa entrevista concedida em Belo Horizonte:

“O ex-presidente Fernando Henrique disse que está mais fácil prever o futuro do euro do que o futuro do PSDB”, disse o mandarim do petismo.

“É uma boa avaliação, porque a social-democracia europeia também está em crise. Ela propôs receitas contra a crise que provocaram resultados eleitorais negativos”.

Na avaliação de Falcão, dá-se o oposto sob Dilma Rousseff:  “A política do nosso governo foi: em vez de promover recessão, fortalecer o mercado interno...”.

“...Restabelecer [o papel dos] os bancos públicos, [...] insistir nos programas sociais e na geração de emprego...”.

Nesta sexta (2), Falcão preside na capital mineira uma reunião do diretório nacional do PT. Ao final, o partido divulgará uma análise sobre a conjuntura e uma resolução eleitoral.

FHC pode ser mencionado na peça sobre conjuntura, insinuou Falcão. O PSDB frequenta também o debate sobre as eleições municipais de 2012.

A escolha de Belo Horizonte como palco da reunião do diretório nacional não foi casual. O petismo vive uma crise na cidade. No miolo da encrenca, está o tucanato.

Eleito em 2008 com o apoio do PSDB de Aécio Neves e do PT de Fernando Pimentel, Márcio Lacerda, do PSB, vai às urnas de 2012 como candidato à reeleição.

Lacerda já declarou que o PSDB vai compor sua coligação. Com uma diferença: na eleição passada, o apoio de Aécio foi informal. Agora, a coisa será formalizada.

Em reação, o vice-prefeito Roberto Carvalho, que é do PT, passou a defender que o partido deixe de apoiar Lacerda para lançar um nome próprio em Belo Horizonte.

A posição do vice-prefeito não é consensual. Um pedaço do PT mineiro deseja manter a aliança com Lacerda, apesar do PSDB.

A encrenca foi à mesa numa reunião da Executiva nacional do PT, nesta quinta (1o). À noite, Falcão jantou com o vice-prefeito.

Nesta sexta (2), vai encontrar-se com Lacerda. Disse que sugerirá ao prefeito uma fórmula diferente.

Acha que Lacerda deveria se abrir para uma composição com outras legendas governistas. Citou PMDB, PTB e PDT.

Deu a entender que o novo arranjo poderia tornar dispensável o apoio do PSDB:

Talvez uma composição nessa direção dê mais amplitude ao governo [municipal] do que uma coligação PT-PSDB-PSB”.

O repórteres recordaram a Falcão que o acerto com o tucanato já é dado pelo prefeito como favas contadas.

E ele: “Nós não faremos [em 2012] chapa nem com PSDB nem com PPS nem com o DEM...

“Agora, se o PSDB vem apoiar um candidato quie nós, eventualmente, estamos apoiando, a decisão é do PSDB, não nossa”.

Dependendo do rumo que vier a tomar em Belo Horizonte, o PT arrisca-se a receber o troco do PSB noutras duas praças.

Em Fotaleza e Recife, é o PT quem governa e reivindica o apoio do PSB para manter-se no poder. Falcão tentou desvincular as encrencas.

“O PSB não tem por hábito fazer esse tipo de retaliação. Até porque tem 2014 também”, disse, levando a sucessão presidencial ao caldeirão municipal.

A certa altura da entrevista, Falcão fez menção à disputa de São Paulo, uma praça em que o PT já definiu seu candidato: o ministro Fernando Haddad (Educação).

Com 2% das intenções de voto, segundo o último Datafolha, Haddad vai à disputa com cara de azarão. Falcão soou como se confiasse nos padrinhos do ministro:

“Na capital de São Paulo, pela primeira vez, Lula e Dilma têm mais influência na decisão de voto do que o governador [tucano Geraldo] Alckmin...”.

“...Nunca tinha acontecido isso na capital”, disse o mandachuva do PT, sem mencionar a origem da informação.

FOLHA