sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Primeiro-ministro turco acusa França de ter cometido genocídio na Argélia


O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou nesta sexta-feira a França de ter cometido um genocídio na Argélia durante a ocupação colonial do país norte-africano.

"O que a França fez na Argélia foi um genocídio, e se (o presidente francês) Sarkozy não sabe, deveria ir perguntar a seu pai", afirmou Erdogan em outro ataque a Paris, após a aprovação de uma lei no Parlamento francês que obriga a considerar como genocídio os massacres de armênios no Império Otomano.

O primeiro-ministro considerou que "a partir de 1945, por volta de 15% da população argelina foi massacrada pelos franceses", e acrescentou que o pai de Sarkozy lutou como soldado francês na Argélia nos anos 1940.

"Tenho certeza que ele tem muito a dizer a seu filho sobre estes massacres", declarou o líder turco, durante seu discurso em uma conferência em Istambul sobre a evolução da mulher nas sociedades muçulmanas.

O dirigente turco insistiu na história pessoal do presidente francês e afirmou que "os antepassados de Sarkozy fugiram da Espanha e se refugiaram no Império Otomano". "Se Sarkozy olhar a história de sua própria família, não verá outra coisa além de ajuda e boa vontade da Turquia e dos turcos".

Erdogan ressaltou que suas palavras não se dirigem contra o povo francês, mas contra "a administração, que se comporta de uma maneira discriminatória e racista".

O chefe do Estado turco acusou o governante francês de usar a islamofobia e a turcofobia para ganhar votos nas próximas eleições.

Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, também condenou a lei com veemência e declarou que "os políticos franceses que tomaram esta decisão não são diferentes de (Bashar Al) Assad e (Muammar) Gaddafi".

"Os ditadores do Oriente Médio também impõem a seus povos o que é correto e o que devem pensar, e isto é o que ocorre na França", afirmou o chefe da diplomacia turca, segundo a agência "Anadolu".

A Turquia suspendeu na quinta as relações políticas e militares com a França em resposta à aprovação da lei, que castiga com pena de prisão e uma alta multa a negação do massacre de armênios pelo Império Otomano, em 1915, por considerá-lo um genocídio.

EFE/FOLHA