sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Standard & Poor´s rebaixa países da zona do euro


A agência de qualificação de risco Standard & Poor´s rebaixou nesta sexta-feira os chamados "ratings" dos países que fazem parte da zona do euro. Dos 17 países que compõem o bloco, nove tiveram suas "notas" rebaixadas, com destaque para algumas das maiores economias da região.

E com exceção de Alemanha e Eslováquia, a S&P advertiu que a "perspectiva" para todos os "ratings" alterados é de "negativa", isto é, há maior probabilidade de um novo rebaixamento dessas "notas" na próxima revisão, que pode ocorrer num prazo de dois anos.

Em seu relatório, a equipe de analistas da S&P justificou as alterações por julgar que "as iniciativas que foram tomadas pelas autoridades da União Europeia nas últimas semanas devem ser insuficientes para lidar integralmente com os estresses sistêmicos da zona do euro".
Ratings - S&P
Zona do EuroAntesDepois
ÁustriaAAAAA+
ChipreBBBBB+
EslováquiaA+A
EslovêniaAA-A+
EspanhaAA-A
FrançaAAAAA+
ItáliaABBB+
PortugalBBB-BB
MaltaAA-
AAA - BBBGrau de Investimento (capacidade 'forte' ou 'adequada' do emissor de cumprir seus compromissos financeiros)
BB - CGrau Especulativo (maior vulnerabilidade do emissor a condições econômicas adversas)
Fonte: Standard & Poor's
Dentre os seis países considerados "AAA" (a melhor nota possível, equivalente a menor probabilidade de insolvência financeira), dois saíram do topo da escala - França e Áustria, rebaixados para "AA+" (a segunda melhor nota). A agência manteve as "notas" de Alemanha (maior economia do bloco), Finlândia, Holanda e Luxemburgo na categoria máxima.

A "nota" da Itália foi reduzida de "A" para "BBB+", enquanto a Espanha, de "AA-" para "A".

Portugal foi o caso mais cruel: sua "nota" soberana foi rebaixada para "BB", já dentro da categoria "grau especulativo", fazendo companhia a Grécia, até hoje a única nação dos 17 membros da zona do euro nessa categoria.

Apesar dos rebaixamentos promovidos hoje, as "notas" dos demais países do bloco permaneceram na categoria "grau de investimento" (a mesma do Brasil e EUA), reservada para as nações com menor risco de calote.

ENTENDA

O "rating" é uma "nota" atribuída pela agência à possibilidade de um país (ou empresa) não saldar seus compromissos financeiros.

Na prática, o fato de esses países serem considerados de maior risco por essa agência pode ter consequências para o financiamento de suas dívidas no mercado financeiro.

Periodicamente, para levantar recursos, os governos europeus oferecem a investidores títulos soberanos (os verdadeiros alvos dos "ratings").

Mas com o agravamento da crise europeia, e desconfiados da saúde financeira desses países, investidores têm solicitado juros cada vez mais altos para financiar as dívidas europeias.

No limite, Grécia e Portugal são exemplos de nações europeias que precisaram recorrer ao FMI para evitar o "default" (calote), por não conseguirem encontrar mais compradores para seus títulos, a não ser a juros "proibitivos".

O rebaixamento promovido pela agência S&P deve ter outra consequência drástica para o Velho Continente.

A crise das dívidas soberanas levou a comunidade europeia a constituir o chamado Fundo de Estabilidade Financeira Europeu, para socorrer países em apuros.

Esse fundo também é um emissor de dívida, e como tal, também possui um "rating" ("AAA"), já que é bancado pelas economias mais robustas da região. Com o rebaixamento desses países, fatalmente terá mais dificuldades em levantar o capital necessário no mercado, para tranquilizar os investidores.

FITCH E MOODY´S

Em meados de dezembro, a agência Fitch Ratings também advertiu que poderia rebaixar os países da zona do euro, citando as dificuldades para lidar com as turbulências da região.

Além do bloco do euro, outros países do Velho Continente também estão na mira das agências de "rating".

No mês passado, a S&P rebaixou a "nota" da Hungria para "BB+", enquadrada no chamado grau especulativo, categoria reservada para os países de maior risco de insolvência financeira.

A S&P explicou em um comunicado que o "contexto de políticas públicas imprevisíveis" agravou a situação do país.

FOLHA