quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Ataques contra opositores mata ao menos 60 na Síria


Ao menos 60 pessoa morreram em episódios de violência em toda a Síria nesta quinta-feira, segundo opositores.

A maioria morreu na ofensiva das forças do regime contra a cidade central de Homs, principal foco de contestação, onde teriam lançado foguetes e morteiros contra redutos oposicionistas.

Rami Abdul Rahman, do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, disse que 57 pessoas morreram em um forte ataque em Homs, 36 delas no bairro de Baba Amr e 11 na queda de um morteiro sobre uma casa no distrito de Inshaat.

Outras quatro pessoas foram mortas na cidade de Rastan, localizada na província de Homs, disse.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou a violência da ação governamental em Homs, epicentro de uma revolta contra o ditador Bashar al Assad que começou há quase um ano e se torna mais sangrenta a cada dia.

"Temo que a apavorante brutalidade que estamos testemunhando em Homs, com disparos de armas pesadas contra bairros civis, seja um sombrio prenúncio do que está por vir", disse Ban a jornalistas.

Ativistas e moradores relataram centenas de mortos na última semana em Homs, e, no alvorecer da quinta-feira, uma nova chuva de foguetes e morteiros caiu sobre Baba Amro, Khalidiya e outros bairros. Veículos blindados chegaram para reforçar as posições do governo no leste da cidade.

Há crescente preocupação com a situação dos civis, e os Estados Unidos disseram estar estudando formas de levar alimentos e remédios a eles - o que aprofundaria o envolvimento internacional em um conflito com amplas repercussões geopolíticas, e que divide as principais potências.

A Turquia, ex-aliada de Assad, disse que vai promover uma conferência internacional para discutir o envio de ajuda e possíveis soluções para a crise.

"Não basta ser um observador", disse à Reuters o chanceler turco Ahmet Davutoglu, antes de embarcar para Washington, onde discutiria a situação.

*INTERFERÊNCIA*

Mas Rússia e China, que no domingo (5) vetaram uma resolução do Conselho de Segurança contra Assad, alertaram contra qualquer "interferência" estrangeira. Pequim, no entanto, informou ter recebido nos últimos quatro dias uma delegação da oposição síria, num inédito contato desse tipo.

A Liga Árabe também contribui para o isolamento do regime sírio, e seus ministros devem se reunir no domingo para discutir seus próximos passos - o que pode incluir a retomada da missão de monitoramento que foi suspensa no mês passado por causa da violência.

A ONU estima que mais de 5.000 pessoas, a maioria civis, tenham sido mortas em 11 meses de repressão aos protestos pró-democracia na Síria. 

Nos últimos meses, a situação se aproxima de uma guerra civil, com a entrada em cena de militares desertores e de outros insurgentes armados. O governo diz estar enfrentando "terroristas" patrocinados pelo exterior.

FOLHA